• Aparelhos ideológicos de comunicação

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  • 29/06/2017 12:40

    Tem sido lugar-comum na grande mídia o discurso dos agentes do governo chantageando o povo com a ameaça do agravamento da crise caso as reformas não sejam aprovadas. Para isso, funcionam muito bem os aparelhos ideológicos de Estado na área da comunicação, cujo papel no aparato de dominação burguesa foi descrito pela primeira vez pelo filósofo francês Louis Althousser, na virada de 69 para 70. Deliberadamente, o discurso transparece apenas um lado da moeda, o da burguesia, omitindo o outro lado, o dos trabalhadores. Isto faz parecer que não há outra saída e que a questão se resume em aprovar ou não as reformas regressivas. Aprová-las significaria o fim da crise, não aprová-las representaria seu aprofundamento. Pura falácia!

    A crise sistêmica global, retomada com toda sua força a partir de 2008, atingiu o Brasil em, cheio e provocou estragos similares aos do resto do mundo capitalista. Foi isso que provocou a crise política, e não o contrário. De maneira oportunista, as classes dominantes se aproveitaram para descartar a terceirização do governo, representada pelo PT, e assumiram elas próprias a condução das medidas necessárias à retomada do processo de reprodução do capital, interrompida pela crise global. A isso deram o nome de reformas, para fazer seus lucros voltarem a crescer às custas da precarização das relações trabalhistas e do sistema previdenciário.

    Afim de se justificar perante a opinião pública, esmeram-se na fabricação de índices irrelevantes para o mundo do trabalho na expectativa de demonstrar uma aparente normalidade, um falso funcionamento do país e de suas instituições, quando a realidade é bem distinta.

    O que os aparelhos ideológicos de comunicação escondem das massas é que os trabalhadores já constroem na prática, cotidianamente, seu próprio projeto para a superação da crise e que ele passa pela revogação de todas as medidas do governo ilegítimo e usurpador, pelo fim das reformas antipopulares e das privatizações, pelo fim da hegemonia burguesa e da exploração capitalista. Mas esta vontade coletiva jamais terá repercussão e ganhará corpo caso as pautas burguesas permaneçam sendo impostas à população como se fossem suas. Cabe inverter esta equação e colocar as coisas em seu devido lugar.

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