
Ao menos 18 museus brasileiros sofreram danos evitáveis nos últimos 10 anos
Um levantamento realizado pelo portal Poder360, com o auxílio do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) aponta que, nos últimos 10 anos, ao menos 18 museus públicos brasileiros sofreram algum tipo de dano que causou o seu fechamento, mesmo que temporário. Os acidentes registrados variam entre incêndios, enchentes, desabamentos de estruturas ou de terreno, fungos, tornados ou destelhamentos.
Apesar de muitos dos problemas serem similares, as causas variam. Desastres naturais, pouco investimento ou acidentes durante a manutenção foram alguns dos motivos dos prejuízos enfrentados pelos museus. No levantamento, foram levados em consideração somente instituições públicas, cujos incidentes causaram transtornos como perda de acervo ou fechamento temporário.

Acidentes
Em 21 de dezembro deste ano, o incêndio no Museu da Língua Portuguesa, na capital paulista, completará 10 anos. As chamas começaram no 1º andar e se espalharam pelo prédio tombado em 1982. Na ocasião, o bombeiro Ronaldo Pereira da Cruz morreu de uma parada cardiorrespiratória durante a tentativa de controlar o fogo.
O incêndio teve início devido a um holofote em uma área que havia passado por manutenção. O orçamento do museu era de R$ 8,7 milhões (R$ 15,7 milhões em valores corrigidos pelo IPCA). As chamas não causaram danos ao acervo dada a natureza da instituição inaugurada em 2006: as exposições são digitais, com cópias dos arquivos. Mesmo sem perda material, o Museu ficou fechado até julho de 2021.
Já o incêndio de 2018 no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, teve relação com a falta de verba para manutenção da instituição, cujo prédio foi tombado em 1938 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O tombamento de um imóvel é um instrumento de proteção para aquele patrimônio cultural, além do reconhecimento do valor artístico, histórico, arquitetônico e cultural. O processo pode ser feito pelas esferas municipais, estaduais ou federais.
Até julho de 2018, os recursos destinados foram equivalentes a R$ 71.500 (R$ 103.922 corrigido pelo IPCA), de acordo com o Portal SigaBrasil. Segundo o diretor da instituição, Alexandre Kellner, o Museu Nacional precisa de cerca de R$ 13,5 milhões anualmente para conseguir manter a manutenção do espaço, sem levar em consideração os salários das equipes da instituição.
Ao contrário do caso paulista, aproximadamente 85% do acervo do Museu Nacional (estimado em cerca de 20 milhões de exemplares) foi perdido. O incêndio, que teve início em um ar-condicionado no 1º andar, começou por volta das 19h do dia 02 de setembro de 2018. A unidade museológica já estava fechada e não havia nem visitantes nem pesquisadores no local.
Desde então, nem o museu e nem o acervo foram integralmente recuperados. O orçamento do Projeto Museu Nacional Vive – uma cooperação entre a UFRJ, a Unesco e o Instituto Cultural Vale – é de R$ 516,8 milhões para reconstrução do prédio, sem recompor o acervo. O valor é 7.230 vezes maior do que o repassado de janeiro a julho de 2018 à instituição. Até o momento, foram captados R$ 347,2 milhões, ou seja, 67% do necessário.
Distribuição de valores
O Ibram é o órgão responsável pela administração direta de 30 museus, por criar a Política Nacional de Museus (PNM) e garantir melhorias no setor. Além das instituições sob o guarda-chuva do instituto, existem outros 3.987 museus no Brasil. São levados em consideração os cadastrados no Museusbr.
Segundo o Portal da Transparência, o orçamento de 2025 do Ibram é de R$ 188,23 milhões. Destes, R$ 86,25 milhões foram pagos (de R$ 133,98 milhões empenhados).
Se o valor fosse igual para todas as instituições geridas pelo instituto, os museus do Ibram receberiam R$ 6,27 milhões em 2025 – 76,34% menos que os R$ 26,5 milhões destinados ao Museu da Língua Portuguesa no ano passado.
Em resposta ao Poder360, o Ibram afirmou que os recursos cobrirão as despesas já contratadas para este ano. No entanto, em razão do corte de 5% realizado pelo Congresso Nacional durante a votação da Lei Orçamentária Anual (LOA) 2025, as verbas “não são suficientes para atender de forma integral aos reajustes e às demandas de manutenção e realização de ações finalísticas das unidades museológicas”.
*Com informações do portal Poder360
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