A Polícia Civil de São Paulo investigava dois helicópteros que voltavam do Paraguai em 2018. Foram achados resquícios de drogas nos equipamentos, que acabaram apreendidos, um em Piracicaba e outro em Carapicuíba. Quatro anos depois, uma das aeronaves levantou voo de novo, mas com uma missão diferente: salvar uma vida.
Após a apreensão pela Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) de Americana, o helicóptero passou por manutenção e processos burocráticos, para ter novo uso. Na quinta-feira, o transporte de um coração realizado pela Polícia Civil salvou uma pessoa que aguardava por um transplante no Hospital da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Esta foi a primeira operação do helicóptero com a polícia.
Chamados pela Central de Transplantes do Governo do Estado de São Paulo, policiais foram responsáveis por buscar dois médicos que estavam em São Vicente, no litoral sul. Os profissionais estavam com o órgão pronto para ser transplantado.
“O tempo não estava bom, mas conseguimos passar pela serra, pegamos os médicos no emissário submarino, em Santos. Quando decolamos para voltar, havia mais dificuldade na serra, mas tínhamos 50% de visibilidade e conseguimos chegar em Campinas”, conta o delegado e piloto responsável pelo transporte, José Eduardo Felipe. Ele também fez parte da operação que apreendeu a aeronave do crime organizado há quatro anos.
“É muito gratificante fazer esta operação, porque vi o helicóptero ser apreendido e ele era usado para fazer o mal para as pessoas. Agora, foi para uma missão nobre, que é salvar uma vida”, complementa o delegado. A corporação e o hospital não divulgaram a identidade do paciente.
A operação foi realizada por equipes do Serviço Aerotático (SAT) do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope). Além deste, o Estado também trabalha para incorporar neste semestre um segundo helicóptero, já em fase de manutenção para posteriores testes e entrada em operação neste ano.
Este equipamento pertencia ao traficante internacional André de Oliveira Macedo, conhecido como André do Rap, preso pela polícia em 2019. Em 2020, ele foi solto por meio de liminar.
Também está nos planos da polícia usar dois aviões que eram utilizados pelos criminosos. Um dos aviões passou por reforma do painel de controle, bancos, pintura e terá como função transportar detentos e policiais para operações.
Também poderá ser usado para o traslado de órgãos para transplantes. A nave tem capacidade para carregar 3 toneladas e levar até dez pessoas. A autonomia de voo é de cinco horas. Outra aeronave já está em fase de manutenção para posteriores testes. No total, a Polícia Civil já recuperou R$ 1,5 bilhão em ativos, como aviões e helicópteros. Os materiais são oriundos de apreensões em ações contra o crime organizado, em especial, contra o tráfico de drogas.
Histórico
Em 2021, a Polícia Civil realizou o transporte de um pulmão para transplante. O órgão foi trazido do interior para ser implantado em uma paciente que faria o segundo transplante, depois de ser infectada pelo novo coronavírus após o primeiro transplante.