• Antes crítico de câmera corporal para a PM, secretário da segurança de SP agora defende equipamento

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  • 11/maio 07:59
    Por Fabio Grellet / Estadão

    Dois meses após afirmar que o uso de câmeras corporais inibe os policiais militares em sua atividade profissional, o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, mudou de posição. Nesta sexta-feira, 10, em entrevista coletiva após evento, disse que o equipamento “pode ser muito bom não só para o policial, como para a população”.

    Em 6 de março, durante reunião na Assembleia Legislativa que tratava dos supostos excessos cometidos por policiais militares durante operações realizadas na Baixada Santista, Derrite – que é oficial da reserva da PM de São Paulo, com o grau de capitão – afirmou que “a utilização das câmeras (adotadas pela corporação durante a gestão do governador João Doria, de 2018 a 2022) reduziu todos os números: prisões, apreensões de armas, abordagens. Reduziu uma série de coisas que nos leva a crer que inibiu a atividade policial”.

    Na mesma ocasião, afirmou que era melhor aplicar o dinheiro das câmeras em tornozeleiras eletrônicas: “Prefiro monitorar o criminoso, é mais barato. Inclusive, chegando ao preço de quase um terço uma tornozeleira eletrônica em detrimento da câmera corporal”, disse. A postura contrária às câmeras não era novidade: Derrite já havia criticado o equipamento outras vezes.

    O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem Derrite está subordinado, também já fez esse movimento. Até 2 de janeiro, pelo menos, ele criticava as câmeras: “Qual é a efetividade da câmara corporal na segurança do cidadão? Nenhuma”, disse em entrevista à TV Globo naquele dia. Vinte dias depois, porém, mudou de opinião: “A gente vai usar tecnologia. A câmera corporal é uma das componentes de tecnologia que se integram ao Muralha Paulista, então nós vamos avaliar o uso dessas câmeras, né? Há possibilidade até de ampliação”, afirmou o governador.

    Na sexta-feira, depois de comentar o caso de um policial militar que atirou contra um suspeito e teve sua ação gravada pela câmera, o secretário Derrite teceu elogios ao equipamento: “É uma política pública que foi muito questionada, que gerou polêmica. Eu mesmo, na época da campanha, questionei a utilização da câmera e sua eficácia, (mas) pude acompanhar que ela pode ser utilizada para outras funcionalidades, pode ser muito bom não só para o policial, como para a população”, afirmou.

    Derrite, então, discorreu sobre o próximo edital para a compra de câmeras: “Nesse contexto, estamos estudando um novo edital, e nesse edital a câmera vai ter novas funcionalidades, podendo inclusive fazer reconhecimento facial. Não exclusivamente como ferramenta de fiscalização e controle, que é válida também, no meu ponto de vista todo servidor público tem que ser fiscalizado, mas a gente está trazendo uma proteção para o policial, um auxílio nas investigações futuras de qualquer tipo de crime, e com novas funcionalidades. Eu falei do reconhecimento facial, mas tem câmeras corporais que são utilizadas com rádio comunicador”, concluiu o secretário de Segurança.

    Segundo a pasta, em 26 de abril o governo anunciou o lançamento de um novo edital para contratar 3.125 novas câmeras corporais portáteis (COPs) para a Polícia Militar. Elas vão permitir a leitura de placas, para identificar veículos roubados ou furtados, e a identificação de “situações e fatos de interesse policial”, diz a secretaria. “Além disso, possibilitarão melhor captação de áudio e vídeo, contribuindo com a proteção dos policiais e da população”. Também está em estudo a incorporação da tecnologia de reconhecimento facial nos novos equipamentos, afirma a pasta.

    Hoje 10.125 câmeras corporais estão em uso, atendendo 52% dos policiais militares do território paulista. Os equipamentos adquiridos com a nova licitação devem substituir parte das COPs já existentes, diz a secretaria. Também está em andamento uma licitação para contratar mais três mil dispositivos a serem acoplados às viaturas.

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