• Animação conduz público em aventura e faz homenagem à obra de Tarsila do Amaral

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  • 14/03/2022 08:57
    Por Eliana Silva de Souza / Estadão

    O mundo colorido e cheio de brasilidade da artista Tarsila do Amaral (1886-1973) é referência para a animação Tarsilinha, produção da Pinguim Content, que chega aos cinemas na quinta, 17. Um dos nomes emblemáticos do Modernismo, a artista ganha homenagem com essa produção dirigida por Celia Catunda e Kiko Mistrorigo. Mas não pense se tratar de uma história biográfica – não foi essa a intenção de seus idealizadores. Por entre as paisagens e personagens dos quadros da artista modernista, uma menininha de 8 anos viverá uma grande aventura para recuperar as lembranças que foram roubadas de sua mãe.

    “Acreditamos que o mais interessante não era contar a vida da Tarsila do Amaral, mas viajar por suas criações, por seus traços e paleta de cores, além de incluir a questão da memória”, afirma Celia. E foi assim que surgiu a personagem Tarsilinha, que passa por diversas aventuras dentro desse universo tarsiliano. “Nós fizemos um trabalho grande de pesquisa, e pegamos a fase mais conhecida de Tarsila, a que ela retratou as paisagens brasileiras, tanto urbanas quanto rurais”, diz Kiko. A ideia foi fazer uma desconstrução dos quadros dela, pegando elementos de cada um e remontando. “Não é o quadro que está ali, mas a gente reconhece as obras através dos detalhes.”

    Aventura

    Essa jornada de Tarsilinha começa com ela observando que, após uma ventaria estranha e intensa, sua mãe começa a esquecer as coisas, até mesmo quem é aquela criança ali ao seu lado. Tarsilinha (voz de Alice Barion) terá, então, de superar seus medos e partir nessa jornada para reaver essas memórias. Será uma viagem por dentro de quadros de Tarsila do Amaral, como A Cuca e o Abaporu.

    Experientes no quesito produções para o público infantil, Celia e Kiko, responsáveis por trabalhos consagrados como Peixonauta e Show da Luna, propõem agora uma encantadora aventura ao lado da pequena Tarsilinha. Logo no começo da história, detalhes conhecidos da vida da pintora surgem em cena, com a menina vivendo sua infância no meio rural, o que de fato a artista vivenciou. A garotinha e sua mãe passam momentos divertidos juntas, colhendo limão no pé e imaginando o doce que será feito.

    Na história, como explica a diretora, há pontos que aproximam Tarsilinha da artista modernista homenageada. “O que a personagem traz da Tarsila é a coragem de entrar em um mundo novo, se lançar em uma aventura”, afirma Celia, destacando ter sido a artista uma mulher de coragem, de enfrentamento. Outro ponto que ela destaca está no personagem Sapo (voz do Ando Camargo), que tem falas engraçadas. “Vimos nos livros que ela tinha esses diálogos com o Oswald de Andrade, registrados em cartas, com palavras inventadas.”

    Trilha sonora

    Kiko também foi responsável pela supervisão musical, ao lado de Zezinho Mutarelli, e lembra da importância de ter contado com a colaboração de Zeca Baleiro, que criou uma canção para a animação. “A gente encomendou a música que encerra o filme e que fala da coragem sem fim da personagem, que carrega na mochila tal força, pois se trata de uma menina muito persistente”, explica Kiko. Além de contar com a canção de Zeca Baleiro, ele destaca ainda a inclusão de um clássico de Heitor Villa-Lobos. “A gente não podia esquecer de trazer o Villa-Lobos, ao menos uma citação paras as crianças”, diz. E a sonoridade da obra do maestro surge em um “trechinho do Trem Caipira, cuja melodia é bastante conhecida”. É tão impressionante a reprodução dos sons de uma maria-fumaça em partida, afirma o diretor. “A trilha completa e veste o filme muito bem.”

    No elenco de vozes, destaque também para Marisa Orth, no papel da Lagarta que rouba as memórias alheias, enquanto Skowa faz a voz do Saci, Marcelo Tas a do Pássaro, Maíra Chasseraux, a da Mãe, e Cristina Mutarelli, a Cuca.

    Representação

    Tarsila do Amaral, sobrinha-neta da pintora, que procura sempre colocar as crianças em contato com a arte de sua tia-avó, diz que foi emocionante ver uma história “tão linda” e com todos os elementos do universo tarsiliano. “E para mim, que tenho o apelido de Tarsilinha, que era como a minha tia-avó me chamava, foi mais especial ainda.”

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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