Anfavea lista commodities e chips entre preocupações com guerra
A direção da Anfavea, entidade que representa as montadoras, usou parte da apresentação dos resultados do mês passado para elencar potenciais impactos da guerra na Ucrânia na indústria automotiva. Ponderando que os efeitos ainda são incertos e dependem da duração do conflito, a associação considera ser ainda cedo para estimar o impacto da crise no leste europeu, de modo que decidiu não alterar, por ora, as previsões que apontam a um crescimento de 9,4% da produção de veículos neste ano.
O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, admitiu, no entanto, que há preocupações compartilhadas entre as empresas do setor, sendo a primeira delas a escalada das cotações das commodities.
Ao citar o aumento nos últimos dias dos preços de produtos como petróleo, gás natural, aço, alumínio, níquel, trigo, milho e fertilizantes, o executivo lembrou que a disparada nas matérias-primas tem reflexos diretos e indiretos no custo de produção não apenas da indústria de veículos, mas também do agronegócio. Estão no campo grandes clientes das montadoras de caminhões e dos fabricantes de tratores agrícolas, também associados à Anfavea.
Em relação ao risco de piora no quadro de já grave escassez no suprimento de semicondutores, causa do maior gargalo de produção das fábricas de carros, a mensagem é de que as montadoras ainda tentam entender quais são os potenciais estragos de possíveis novas restrições com o corte no fornecimento por Rússia e Ucrânia de paládio e gás neônio. São dois insumos essenciais no processo de fabricação de chips.
Os desarranjos produzidos pelo conflito na logística podem gerar, acrescentou Moraes, atrasos no transporte de mercadorias, ao mesmo tempo em que colocam mais pressão sobre os valores de fretes aéreos e marítimos.
O presidente da Anfavea considerou que a pressão inflacionária é certa, tendo, como consequência, a elevação de juros, o que contribui para esfriar a atividade da economia global.
Ele pontuou que o Banco Central (BC) terá que saber calibrar bem o aumento da taxa básica de juros, a Selic, para não comprometer o crescimento econômico. “Se errarem a dosagem, podemos ter um desastre no PIB Produto Interno Bruto neste ano”, declarou o presidente da Anfavea.