
Andar de ônibus em Petrópolis virou aventura imprevisível
O ônibus vai chegar no horário ou tem risco de chegar atrasado? A viagem vai até o final ou o veículo vai quebrar no caminho? Hoje vai ser mais um dia de greve? Todas essas incertezas são parte da realidade, já há algum tempo, de quem usa o transporte público. A terça-feira foi mais um dia de caos generalizado e dessa vez a turma caprichou: não havia certeza nem sequer do preço do ônibus. Na noite de segunda, as empresas de ônibus anunciaram (sem qualquer contestação da Prefeitura) o aumento e colocaram as maquininhas do Riocard para R$ 5,90, mesmo sem decisão final na ação judicial que elas mesmo ingressaram para subir o preço. O juiz da 4ª Vara, Jorge Martins, que está julgando essa ação, leu pela imprensa, ficou uma arara e passou a conversar por zap com Hingo Hammes, presidente da CPTrans, Luciano Moreira, e companhia para dar um jeito de consertar. E aí ficou combinado que o reajuste foi suspenso, de uma forma meio mambembe, já que tirar os ônibus de circulação para corrigir os validadores era ainda pior, e uma “audiência especial” foi convidada para que as partes pudessem se explicar. Ficou decidido (pelo menos até o fechamento dessa edição, porque tudo pode mudar rapidamente) que, hoje, o preço vai ser de R$ 5,15 no cartão e R$ 5,30 em cash.
Turp manda a conta do atraso de salário para o usuário
Se tá ruim pra todo mundo, a situação é ainda pior para quem anda de Turp – gente pra caramba, já que eles atendem boa parte do Quitandinha, Retiro e os distritos. Mais uma vez os moradores acordaram sem um ônibus sequer circulando. Os rodoviários fizeram nova paralisação por conta do atraso no pagamento de obrigações trabalhistas. E, dessa vez, não teve recuo rápido, não: os trabalhadores cruzaram os braços durante todo o dia. Como foi a terceira paralisação em menos de um mês, a Turp podia até pedir música, mas preferiu usar a paralisação que prejudicou o usuário para pedir o aumento da passagem, o que também prejudica o usuário. As empresas alegam que há perigo de “dano irreparável a cada dia em que não é implementado o reajuste calculado pela CPTrans”. O engraçado é que a passagem também não subiu para a Cidade das Hortênsias e Cidade Real e não teve problema nesse nível nas outras duas empresas. Só na falecida Petro Ita, que deu no que deu.
Correndo atrás
Foi a terceira paralisação dos rodoviários da Turp em menos de um mês e, pela terceira vez, o Sindicato dos Rodoviários foi levado pela onda dos próprios funcionários, e não esteve à frente do processo. A primeira nota surgiu depois do início da paralisação e, assim como nos casos anteriores, o primeiro posicionamento era “ir ao local para entender o movimento”. Sinal de que ou falta diálogo ou falta controle.
Em busca da agenda positiva
Em meio a mais um dia de caos, Hingo tentou sair da crise e buscar uma agenda positiva, indo a Brasília atrás de recursos para construção de casas populares. A notícia é ótima: R$ 37 milhões para construir 248 casas populares. Mas ninguém prestou muita atenção em meio ao vai-não-vai do transporte.
Hingo joga parado na sucessão estadual
No meio do tiroteio promovido pela movimentação de Júnior Coruja em defesa da candidatura de Eduardo Paes, Hingo Hammes joga parado. Os problemas que a cidade enfrentam acabam consumindo o tempo do prefeito, que não vai tomar nenhuma decisão sem levar em conta o posicionamento de Dr. Luizinho e Cláudio Castro. E tá correndo de problema – até porque já tem problema suficiente na gestão da cidade.
Tudo pode mudar
A cautela faz sentido, uma vez que tudo pode mudar. São cada vez mais fortes os boatos de que o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, teria desistido de sua candidatura a governador, preferindo um cargo no Tribunal de Contas do Estado. Fora que se meter muito na disputa antes da gente saber quem são os candidatos pode render faísca e, cá entre nós, chega da megalomania de querer comprar briga com governador, né? Não tem muito tempo que isso já deu ruim…
De olho no D.O.
Como uma nova secretaria foi criada e outras foram reorganizadas, a turma que gosta de uma fofoca nos bastidores da política também já está de olho, com lupa e atualizando de meia em meia hora o Diário Oficial (aproveitando inclusive que ele está em dia, o que não foi muito comum nos últimos 20 anos). Como teve uma grande reorganização interna, deve haver mudanças no segundo e terceiro escalões.

Contagem
Estamos há 2 anos, 2 meses e 17 dias sem os 100% da frota de ônibus nas ruas depois do incêndio na garagem das empresas.
Contatos com a coluna: lespartisans@tribunadepetropolis.com.br.