• Ana Moura, uma das maiores vozes do fado contemporâneo, se apresenta no Palácio de Cristal neste sábado

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  • Por Aghata Paredes

    Neste sábado, às 19h45, o Palácio de Cristal receberá uma das maiores vozes do fado contemporâneo, Ana Moura, como parte do Festival Fado em Cidades Históricas. A fadista, que lançou recentemente o disco “Casa Guilhermina”, promete uma grande apresentação. Ao longo de sua carreira, a artista portuguesa colaborou com grandes nomes do cenário da música internacional, como Prince, Norah Jones e Rolling Stones, e recebeu prêmios importantes, incluindo o de Melhor Intérprete pela Fundação Amália Rodrigues em 2007.

    Ana Moura iniciou a sua carreira profissional em 2003 com o álbum “Guarda-me a Vida na Mão”. Em entrevista exclusiva à Tribuna de Petrópolis, ela relembra como sua paixão pelo fado surgiu, ainda na infância. “Tenho contato com a música e com o fado em particular desde muito pequena, porque meus pais são grandes amantes da música. Em casa sempre se ouviu muita música, meu pai tocava guitarra e cantava, e eu, naturalmente, desenvolvi esse gosto por cantar. Aliás, eu costumo contar a história, na verdade, os meus pais costumam contar essa história, de eu ter por volta de 5 ou 6 anos e dizer que queria também cantar o fado. Num desses convívios com os amigos dos meus pais, eles me seguiram, porque eu gostava muito de cantar. E, entretanto, quando eu comecei a cantar, eles perceberam que eu tinha finalmente jeito. Depois, como qualquer jovem da minha idade, comecei a desenvolver o meu gosto por outros gêneros de música também, com carinho especial pelo fado. Um dia eu estava num bar com uns amigos, e estavam uns guitarristas que começaram a tocar, e um fadista veio cantar fado. E eu cantei nessa noite, e os guitarristas que lá estavam quiseram apresentar as pessoas do meio e do núcleo mais puro, mais tradicional, fadista. E foi assim que tudo começou, de uma forma muito natural”, explica.

    Questionada sobre como descreve o sentimento do fado e como ele se manifesta em suas interpretações, a artista afirma que o gênero musical se relaciona com o íntimo. “O fado expressa aquilo que nos vai na alma, essencialmente. Por essa razão, tem sido um veículo da minha experiência de vida ao longo dos tempos.”

    Vídeo: Reprodução/YouTube – “Lá Vai Ela” (2023) é o mais recente single da artista portuguesa

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    A carreira de Ana Moura é marcada por diversas colaborações internacionais. Uma delas foi com os Rolling Stones, em Lisboa. “Eles me convidaram para cantar com eles lá. Depois, participei de um projeto produzido pelo saxofonista dos Rolling Stones, que envolvia cantores como Norah Jones e Milton Nascimento”, relembra Ana. No entanto, uma colaboração que ocupa um lugar especial, tendo influenciado inclusive na sua música, foi a com o Prince. “Foi uma amizade muito profunda e longa. Este meu disco [Casa Guilhermina] é muito influenciado por tudo aquilo que o Prince me dizia, então uma das músicas é dedicada a ele. Porque ele costumava dizer que um dia ainda ia ouvir música com o Prince. E, pela primeira vez, neste disco eu junto o meu fado a outros gêneros de música. Como, por exemplo, a música eletrônica também”, explica.

    Segundo a fadista, seu disco mais recente – “Casa Guilhermina” (2022) – é considerado o maior desafio de sua carreira, no qual reúne o fado com elementos da música tradicional portuguesa e angolana. “Foi uma grande mudança, onde incorporei vários gêneros de música. Eu juntei o fado com algumas popularidades de norte a sul da música tradicional portuguesa, mas também com a música angolana, porque a minha família materna é angolana, e com as popularidades da música contemporânea, digamos assim. Eu dei o nome de Casa Guilhermina porque é a casa que eu construí. Eu atribuí o nome da minha avó em jeito de homenagem. De tudo aquilo que eu aprendi com ela. E porque, pela primeira vez, este meu disco convida as pessoas a entrarem na minha casa. Ou seja, elas passam pela intimidade da casa, também pela parte mais social, e todas estas divisões que compõem a própria casa. Com todas as histórias e com toda a herança musical também. E por isso é que eu estava dizendo também que foi um disco mais desafiante”, explica

    Ana Moura vê um futuro promissor para o fado e a música portuguesa. “Acho que existe uma nova geração atraída pelo fado. Há muitos projetos de música portuguesa inspirados na música tradicional que têm imenso sucesso em Portugal. Acho que isso só me faz acreditar que isto não é uma moda, uma fase que vai passar, mas já é uma certeza de que a música portuguesa tem imensa qualidade. É muito rica. Nós somos um país muito pequenino, geograficamente. Mas, musicalmente, muito rico. De norte a sul do país é muito diferenciado. Há sempre o que fazer para ir buscar a nossa raiz e trazer isso para o futuro. Há sempre muito o que fazer criativamente”, ressalta.

    Ana Moura também expressou suas primeiras impressões em relação a Petrópolis, onde está se apresentando pela primeira vez. “Eu ia dizer que era muito bonita. E agora confirmo. Hoje de manhã passei a fazer uma caminhada. Visualmente é muito bonita. Estávamos [eu e um amigo] a associar Petrópolis à Sintra pelo charme e pela arquitetura. Estou muito ansiosa para a apresentação de hoje”, disse.

    O Festival Fado em Cidades Históricas acontece neste fim de semana, dias 18 e 19 de maio, sempre a partir das 11h, no Palácio de Cristal. Toda a programação é gratuita e aberta ao público. 

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