Ana Marcela diz não se preocupar com água do Rio Sena e faz mistério sobre plano B de Paris
Após fazer um alerta sobre as águas do Rio Sena no início do ano, Ana Marcela Cunha afirmou nesta terça-feira que não está mais preocupada com a qualidade da futura sede da prova de águas abertas na Olimpíada de Paris-2024. A atual campeã olímpica dos 10km disse que mudou de ideia ao receber mais informações sobre um possível plano B, mas preferiu fazer mistério sobre qual seria a alternativa da organização dos Jogos Olímpicos.
“Acho que o momento em que demonstrei estar preocupada em competir no Rio Sena foi o momento certo. Mas viramos a chave agora e confiamos muito no que eles vão fazer para que essa prova aconteça. Sabemos que eles têm um plano B. A maratona aquática e o triatlo vão acontecer”, disse a nadadora.
No início de março, Ana Marcela concedeu entrevista em que demonstrou estar preocupada com a qualidade da água do Rio Sena. A preocupação é compartilhada por vários atletas, também de fora do Brasil, e de entidades ligadas ao esporte, que temem até a não realização tanto da prova de águas abertas quanto do triatlo, que terá a parte da natação no famoso rio parisiense.
A campeã olímpica explicou que foi procurada pelas autoridades ligadas à organização da prova de águas abertas e que o assunto já foi superado. “Faço parte do Comitê de Atletas da World Aquatics. A entidade veio até mim, agradeceu muito. Com isso, ficamos com o contato mais próximo com a organização. Não podemos confundir a minha função no Comitê com o meu papel de atleta.”
Ana Marcela disse estar informada sobre o plano B, que a organização não divulgou oficialmente. Mas evitou revelar onde a prova poderia ser disputada, caso as águas do Rio Sena não apresentem condições ideais para a competição. “Vem sendo conversado algumas coisas e foi passado para a gente que existe um plano B. Não posso estar comentando mais do que isso por questões de regras e também por se tratar de informações confidenciais.”
A atleta afirmou que está focada em sua preparação, na Itália, visando mais uma medalhla olímpica. “Nossa preocupação é fazer o nosso treinamento e chegar lá 100%. Não estamos preocupadas com relação a mais nada porque a organização também já deu o lado dela, já foi conversado. É um assunto que não ficamos comentando todos os dias por aqui. O que foi falado já aconteceu e a resposta foi dada. Sabemos que haverá a prova, no dia 8 de agosto. E vamos estar preparadas, onde quer que seja.”
Sobre a chance de competir num rio, algum incomum em provas de águas abertas em Jogos Olímpicos, Ana Marcela se disse animada pela oportunidade. “Já competi em rios e lagos várias vezes. Em Pequim-2008, a prova foi disputada em um lago. Em Londres, também. Algumas etapas da Copa do Mundo já foram realizadas em rios, como aconteceu na Argentina, que a corrente é muito forte e lembra um pouco o Sena. Sabemos da corrente, que vai ser o diferencial de posicionamento e estratégia de prova. Estamos animadas para isso, vai ser uma prova diferente. Não vai ser no mar, como gostamos e preferimos.”
APOSENTADORIA APÓS OLIMPÍADA?
Questionada pelo Estadão sobre o seu futuro, Ana Marcela evitou apontar uma data para sua aposentadoria. “Essa é uma boa pergunta. Faz tempo que muita gente fala da minha idade. Todo mundo quer saber como vai ser. Eu não tenho data (para me aposentar). Só estou deixando a natação me fazer feliz, como sempre fez e seguir pelo tempo que eu tiver que seguir. Se vai ser a minha última Olimpíada, eu não estou pensando nisso”, declarou.
A Olimpíada de Paris-2024 será a quarta de Ana Marcela. A atleta de 32 anos estreou nos Jogos de Pequim-2008, com apenas 16 anos. Não conseguiu competir em Londres-2012. Mas esteve no Rio-2016 e também em Tóquio, em 2021.
“Só estou fazendo simplesmente o que eu amo. O alto rendimento é difícil, mas dá um gostinho muito bom de representar o Brasil. De conquistar coisas, de subir ao pódio e ouvir o Hino Nacional. São coisas que não quero deixar de ter já. Ao mesmo tempo, preciso saber o momento certo de parar. O meu maior diferencial é que comecei muito nova, aos 16. Imaginar que são praticamente cinco ciclos olímpicos, é muito tempo no alto rendimento, no nível que sempre disputei.”