Amplia: Casa de Caio Fernando Abreu é demolida em Porto Alegre
A casa que pertenceu ao escritor Caio Fernando Abreu foi demolida na tarde desta segunda-feira, 18, na rua Doutor Oscar Bittencourt, no bairro Menino Jesus, em Porto Alegre. Foi na residência que o autor, já no fim da vida, escreveu as crônicas que eram publicadas no Caderno 2 do Estadão, como Pequenas Epifanias, que deu origem ao livro homônimo, editado pela Nova Fronteira.
Em 2011, a casa, que pertencia à família do escritor, foi a leilão. “O casal que inicialmente havia comprado o lugar tinha sim a intenção de estabelecer um diálogo, lembro de conversas da época, quando a Associação Amigos de Caio Fernando Abreu (AACF) entrou em contato com a ideia de fazer do lugar um centro cultural”, conta a presidente da entidade, Liana Farias, ao Estadão, em entrevista por telefone.
Ela diz que as movimentações no terreno da casa começaram na última sexta-feira, 15, quando um grupo de moradores notou atividade estranha e informou à AACF. Ao longo dos anos, a Associação, sem fins lucrativos, tentou de diversas maneiras estreitar uma relação com o poder municipal e chegou a formular um documento para o tombamento do local em parceria com a faculdade de jornalismo da PUCRS.
Liana, que é produtora cultural, chegou a procurar a Secretaria Municipal de Cultura para que fosse feita e colocada uma placa lembrando que no endereço havia vivido o escritor. A placa ficou pronta, mas não colocada.
Segundo apurou o portal de notícias Sul21, o engenheiro responsável pela obra, Flavio Flores da Costa, desconhecia que a casa pertenceu ao escritor e afirmou não saber o que será construído no local, pois só foi autorizado a proceder a demolição. O Estadão não conseguiu localizar o engenheiro na noite desta segunda-feira, mas fontes no local enviaram imagens confirmando a derrubada.
O ator Marcos Breda publicou um vídeo na tarde desta segunda-feira falando das tentativas da AACF de preservar o local, enquanto, na frente do imóvel, admiradores da obra do escritor gaúcho se aglomeravam para entender o motivo da demolição, bem como o futuro do lugar. “A casa fazia parte do repertório de Caio, já no final da vida, quando ele voltou a Porto Alegre depois que ficou doente”, relata Farias. “Ele fala do jardim, das flores, do interior da casa em várias de suas crônicas que eram publicadas no Estadão, a casa se tornou uma personagem de sua literatura”, completa.
Até a publicação desta reportagem, o Estadão não conseguiu localizar os responsáveis pela demolição do imóvel.