Amor filial
Não podíamos deixar passar o dia dos pais sem que focássemos a relação entre pais e filhos que durante as gerações sempre foi tema que, geralmente, gerou controvérsias e discussões. Para que possamos aprofundar o conceito sobre a “relação entre pais e filhos” nos tempos atuais, gostaria de apresentar, em linhas gerais, segundo minha percepção, uma breve análise a respeito do modo de viver da nossa sociedade num âmbito global.
O mundo moderno segue correndo em busca de conquistas e avanços, mudando o “foco” dos interesses a cada instante. Coisas perdem o valor de uso rapidamente e são descartadas, e novas necessidades surgem dia após dia. O mercado se beneficia com nosso pouco interesse permanente e, mais do que isso, impõe um ritmo de mudança frenético, para nos criar novas “falsas” necessidades. Esse modelo sugere uma vida vazia, sem comprometimento, sem raízes, tornando tudo descartável. Primeiro, copos e pratos; depois, roupas, carros e até relacionamentos.
Vidas que se perdem de si mesmas por dedicar muito empenho a coisas sem valor, e não oferecer de si a coisas que realmente nos valorizam, que nos sensibilizam verdadeiramente e nos fazem crescer de verdade. Lampejos de felicidade que nos conduzem rumo ao objetivo de nossa vida, ao crescimento infinito. “Cumprir o dever filial” é uma ordem suprema ditada pela alma. Impressionante talvez seja ouvir alguém dizendo: “Para que preciso agradecer a meus pais se nem lhes pedi para nascer?”.
Muito embora, do ponto de vista cronológico, pareça um questionamento sustentável, se observarmos a vida pela lente da eternidade, veremos que nós já estávamos aqui antes mesmo de nossos pais nascerem, de modo que nosso vínculo é inquebrantável e nosso laço permanente. Mais que um simples laço, nossos pais são o elo que nos liga a Deus, e romper esse elo, desfazer esse laço, significaria renunciar nossa natureza divina.
Somente o amor dos pais já é suficiente para nos fazer reconhecer o amor de Deus. Esta frase, porém, parece que só é compreendida depois, quando nos tornamos pais também. Nossa ânsia por liberdade, muitas vezes, nos impede de receber o amor de nossos pais, de modo que só poderemos realmente avaliar e reconhecer a natureza amorosa de suas ações quando, por afinidade cármica, reproduzirmos os mesmos gestos com nossos filhos. Nesse momento, uma alma preparada é capaz de reconhecer os pais em seus gestos e finalmente, então, receber o seu amor.
Mesmo que a pessoa seja tocada por essa verdade, talvez não perceba o que isso tem a ver com a vida prática, de que maneira essa relação com os pais poderia influenciar o seu cotidiano e, até mesmo, o seu destino. Essa compreensão é necessária para podermos comandar nosso destino, alinhar nossas ações com nossos desejos e caminhar a passos largos rumo aos nossos objetivos sem nos deixarmos levar por nossos medos, dificuldades ou limitações. O agradecimento aos pais deve ser constante assim como o reconhecimento do seu esforço. Seu pai trabalhou com afinco, para que você pudesse frequentar a escola, adquirir roupas, ter alimentos. Fizesse sol ou chuva, calor ou frio, ele se esforçou trabalhando.
Portanto, agradeça a seus pais, do fundo do coração. Muitas vezes nos irritamos e julgamos errôneas as atitudes de nossos pais conosco, ou as suas decisões em relação a nós ou a própria vida. Porém, como dizia o poeta: – Você diz que seus pais não o entendem, mas você não entende seus pais. Não julgue! Seus pais não merecem ser julgados, pois as suas metas foram atingidas. Não tenha uma verdade formulada dentro de si, pois tudo está em constante mutação. Sinta seu ser interior e ame seus pais.
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