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  • 11/maio 08:00
    Por Ataualpa A. P. Filho

    Na semana que passou, os olhos do mundo estavam voltados para uma chaminé, à espera de uma fumaça branca que sinalizasse a escolha de um novo pontífice para conduzir a Igreja Católica, após a sublime passagem do Papa Francisco por este planeta. A Paz de um sorriso ainda é uma das formas de preservar a ternura. Entre os ensinamentos que ele nos deixou, encontra-se o senso de humor que não deve ser perdido. O sorriso é desarmante, pois é uma das manifestações do amor.

    As expectativas, as especulações, as elucubrações, as previsões, um emaranhado de teorias pairava sobre o conclave que seria realizado com o propósito de eleger o novo pontífice. Na quarta-feira (07/05), às 17:43 (12:43 em Brasília), as portas da Capela Sistina foram fechadas. Nesse dia, a fumaça que sai da chaminé tinha cor escura, sinalizando que a escolha de um novo papa, entre os cardeais, ainda não havia sido feita. Portanto, o clima de expectativas foi transferido para a quinta-feira (08/05). As equipes de jornalistas acampadas na Praça São Pedro mantiveram as câmeras voltadas para a chaminé e fiéis católicos mantinham-se em vigília e oração…

    Veio a quinta-feira (08/05) carregada de palpites, comentários, análises probabilísticas sobre a conduta de cardeais considerados “papáveis” como se estivéssemos diante de uma bolsa de apostas. As linhas políticas, ideológicas polarizavam-se em correntes progressistas, reformistas, conservadoras. Inócuas discussões disseminaram-se pelas redes sociais, ignorando a ação do Espírito Santo que fundamenta a fé em Cristo. Li, vi, ouvi comentários que ficavam apenas no plano sociopolítico. A fé supera o improvável. A transcendência está na essência do Cristianismo. Quem se diz cristão não ignora a Providência Divina.

    E aqui menciono a ação de uma gaivota que, minutos antes da fumaça branca sair pela chaminé anunciando a escolha do novo papa, regurgitou para alimentar um filhote, ainda sem plumagem definida, em um gesto de plena maternidade, como a mãe que amamenta um filho.

    Indaga-se: isso foi apenas uma coincidência, um mero acaso? Que lições podem ser assimiladas a partir de tal fato? Ou tudo isso foi uma encenação: contrataram a gaivota para regurgitar antes da liberação da fumaça anunciando a eleição do novo papa? Quem previu? Quem profetizou?…

    E aqui transcrevo parte de um diálogo entre Hamlet e Horácio na obra clássica de William Shakespeare, “Hamlet”: “Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que sonha a tua filosofia.”

    Assim como se tem a imagem de uma pomba branca ao lado do Papa Francisco, refletida em clima de paz, também podemos relacionar o alimento dado pela gaivota ao filhote ao que está escrito no Evangelho de São Mateus: “porque tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, fui peregrino e me acolhestes, estive nu e me vestistes, enfermo e me visitastes, estava na cadeia e viestes ver-me”. (Mt 25,35-36).

    A partir desses versículos, podemos pensar a relação entre as ações sociais fundamentadas nos critérios de justiça e na caridade fundamentada no amor. Dar o pão a quem tem fome pode ser uma ação voltada para o cumprimento da responsabilidade cidadã nas diretrizes da justiça social. Mas, quando se concede o pão na gratuidade do amor, na espontaneidade do servir ao próximo, a conduta caritativa se faz presente. Contudo, o amor não é exclusividade dos cristãos. O amor é inerente a todo ser humano. Ninguém pode dizer que é cristão sem amar o próximo. A fé sem caridade é inócua. Não há Cristianismo dissociado do amor. A gaivota agiu pela animalidade da sua natureza. Os cristãos precisam unificar-se no amor para combater a fome. Precisamos ir além das ações meramente políticas.

    E como cristão, acredito na intercessão Divina que se manifesta na misericórdia, na trindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A escolha do cardeal Robert Francis Prevost foi para conduzir a Igreja Católica, porém, não somente para os católicos, mas para toda a humanidade. E, no seu primeiro pronunciado como Papa Leão XIV, disse:

    “Devemos buscar juntos como ser Igreja missionária, uma Igreja que constrói pontes, que dialoga, sempre aberta a receber como esta praça de braços abertos, a todos, todos aqueles que precisam da nossa caridade, da nossa presença, do diálogo, de amor.”

    Devemos ser o alicerce dessa ponte para que haja paz na Terra como no Céu.

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