Amigo de Bolsonaro confirma ‘rachadinha’, mas nega após telefonema do presidente
O presidente Jair Bolsonaro telefonou para seu ex-assessor Waldyr Ferraz nesta quinta-feira, 20, para lhe cobrar explicações sobre reportagem da revista Veja. No texto, divulgado na versão digital da publicação, o amigo do presidente citou o caso das supostas “rachadinhas” (desvio de salários de assessores) nos gabinetes parlamentares da família. Atribuiu a prática a Ana Valle, segunda ex-mulher de Bolsonaro. Ao Estadão/Broadcast, após a publicação da reportagem, revelou ter recebido a ligação do presidente, negou que tivesse testemunhado os crimes e disse ter certeza que a família Bolsonaro não sabia de nada.
Segundo a Veja, Jacaré, como Waldyr é conhecido, descreveu o suposto esquema que Ana operaria. Com poder para fazer uma cota de contratações dos gabinetes, ela recolhia documentos de algumas pessoas, abria contas bancárias e dava uma pequena quantia aos assessores. Muitas vezes, eles seriam fantasmas. Jair Bolsonaro, segundo essa versão, nada saberia do que acontecia. Só teria descoberto, de acordo com Waldyr, quando o Estadão revelou a investigação aberta, em dezembro de 2018, por causa do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Waldyr não participaria do esquema.
Ao Estadão/Broadcast, porém, depois de ter recebido o telefonema de Bolsonaro, Waldyr negou conhecer qualquer esquema nos gabinetes da família. “Tudo o que eu disse à jornalista da Veja eu li nos jornais, não é nada que eu tenha visto. Eu vivi lá dentro e nunca vi esses esquemas de ‘rachadinha'”, afirmou. Segundo ele, Bolsonaro estava irritado e disse que ele não deveria ter falado nada. “Comigo nunca aconteceu (‘rachadinha’) e tenho certeza que nem ele (Bolsonaro) e nem os filhos sabiam de nada. Nem sempre o que acontece nos gabinetes os deputados ou vereadores ficam sabendo”.
O ex-assessor disse ter dado entrevista apenas para falar da amizade com Bolsonaro. Ana Valle não foi localizada para se manifestar sobre a reportagem da Veja.