• Alysson Paulineli, um Brasileiro

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  • 02/07/2023 08:00
    Por Aldo Rebelo

    O Brasil perdeu no último dia 29 de junho o pesquisador e homem de estado Alysson Paulineli. Mineiro de Bambuí, formado em agronomia pela tradicional Escola Superior de Agricultura de Lavras, foi secretário de Agricultura de Minas Gerais, ministro da Agricultura de 1974 a 1979 e deputado Constituinte (1987-1991).

    Entre os acontecimentos que ajudaram a mudar a fisionomia do Brasil no século XX, certamente podemos apontar a conquista da engenharia aeronáutica com a Embraer, o domínio da tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas e ultraprofundas com a Petrobras, e a conversão do Cerrado brasileiro em solo apropriado para a agricultura, o que conduziu o Brasil da posição de importador de alimentos a grande provedor da segurança alimentar da própria população e de parte do mundo.

    E o Brasil, que há 50 anos importava 30% do alimento que consumia, como lembrou o ex-ministro Roberto Rodrigues, hoje exibe a agricultura mais competitiva do planeta, fato profundamente ligado ao talento, pioneirismo e criatividade inovadora de Alysson Paulineli.

    O primeiro Cerrado visto por Paulineli foi o de sua Minas Gerais, onde foi secretário de Agricultura e desafiado a modernizar e tornar mais eficiente a produção agrícola de seu estado. Ministro da Agricultura, deparou-se com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa agropecuária), criada pelo ministro da Agricultura Luiz Fernando Cirne Lima, no governo do general Emilio Garrastazu Medici.

    Alysson Paulineli investiu na formação de uma elite de jovens pesquisadores, enviando centenas deles para o exterior para adquirir o conhecimento necessário ao desenvolvimento da agricultura tropical no Brasil. De volta ao País, estes pesquisadores foram distribuídos pelos 26 centros de pesquisas criados em sua gestão, com especial destinação aos centros voltados para o Cerrado. Além disso, fundou o Serviço de Produção de Sementes Básicas (SPSB), e mais 10 centros experimentais em estados possuidores do Bioma Cerrado.

    O Cerrado brasileiro é hoje o principal fiador da balança comercial brasileira, aproxima o Brasil do novo polo dinâmico da economia mundial, a Ásia-Pacífico, e coloca o Brasil em destaque na geopolítica internacional da segurança alimentar. E se o Brasil ainda pode buscar um lugar na indústria de alta tecnologia, a indústria do futuro, é o excedente produzido pela agropecuária e pela agroindústria que nos permite alimentar essa esperança.

    Em 2006, recebeu o prêmio Mundial da Alimentação (Word Food Prize), em reconhecimento à sua contribuição para a segurança alimentar mundial. Em 2022, um grupo de brasileiros organizou sua candidatura ao Prêmio Nobel da Paz, pois para Paulineli o mundo não terá paz se tiver fome.

    Sua figura de humanista e patriota representa o que de melhor o Brasil pode mirar como exemplo de espírito público, de administrador voltado para o desenvolvimento, para a independência nacional e para a elevar o padrão de vida material e espiritual da população.

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