• Alunos da UCP organizam abaixo-assinado para impedir desligamento de professor de Engenharia

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  • 02/06/2016 19:10

    O professor Luis Grinsztajn, que há 50 anos se dedica ao magistério na Universidade Católica de Petrópolis (UCP), encerrará as atividades neste mês de junho. O docente tem 82 anos e já cumpre aviso prévio. Os alunos que têm um carinho especial por Lulu, como o tratam, não aceitam a decisão da administração e organizaram um abaixo-assinado para pedir sua permanência. Segundo a UCP, a decisão é de comum acordo. 

    Atualmente, o professor trabalha no Programa de Apoio Pedagógico (Pape), criado por ele, com a finalidade de contribuir com o aprendizado além das salas de aula. O Pape fica na sede da UCP do Relógio das Flores e por lá o professor conquistou o carinho dos estudantes. Esses, e outros mais, defendem a permanência de Lulu na universidade. Alguns conversaram com a equipe da Tribuna e, entre outras coisas, contaram como receberam a notícia do afastamento. 

    Um dos alunos, que estava na sala de coordenação, ouviu uma conversa entre professores que já indicavam a demissão do docente. O estudante, do oitavo período do curso de Engenharia Civil, não quis ser identificado por medo de represálias. 

    A partir de então, alunos desse curso organizou um abaixo-assinado online que até o fim da tarde de ontem contava com 950 assinaturas. “Estamos todos revoltados. Nunca conheci um professor que tenha conhecimento profundo em todas as disciplinas dos cursos de Engenharia como ele”, afirmou o jovem. 

    Luíza Leal nunca teve aulas em sala com Lulu, no entanto, no Pape, ele já esclareceu diversas dúvidas da jovem que cursa o segundo período de Engenharia Mecânica. “Ele já me ajudou em muitas matérias. É um ótimo professor, muito inteligente! Todas as dúvidas que eu tive até hoje ele sempre conseguiu esclarecer. Explica muito bem e está sempre disposto a ajudar”, declara. 

    A estudante Mariana Mota, que cursa o 9º período de Engenharia Civil, falou sobre a admiração e o trabalho do professor. “Lulu é uma instituição por si só. Eu o admiro muito como professor e como pessoa e, apesar de também nunca ter tido aula com ele, contei com muita ajuda no Pape, que é onde ele nos motiva, inspira, nos faz rir. É uma pessoa incomparável. Está sempre preocupado com as pessoas. Só conhecendo pra saber. É uma pessoa única e todos que cruzam seu caminho o amam”, conta. 

    Lulu não leciona mais e, para Mariana, mesmo que ele não tenha mestrado para continuar com as aulas já que seu trabalho é na sala de apoio, faz um trabalho melhor que “muito professor com o título de doutorado”. "O fato de ele não ter mestrado não implica no que ele nos ensina, pois este seria um ensino "informal". Acredito que o professor não esteja satisfeito com isso e acho que se perguntassem se ele queria, a resposta seria que não gostaria de sair. Parece que não teve escolha”, disse Mariana. 


    Professor completa em julho 50 anos de magistério


    Na tarde de ontem, a equipe da Tribuna foi até a UCP para conversar pessoalmente com o professor Lulu. Rodeado de livros, lembranças e muitas histórias, na sala que é sua por mais de 40 anos, contou um pouco sobre suas bodas de ouro com a profissão e também falou do término deste ciclo. 

    Luis Grinsztajn gosta de ser chamado por Lulu, apelido, segundo ele, dado por alunos. Formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é filho de poloneses judeus sobreviventes da guerra. Pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (Puc-Rio), Instituto Militar de Engenharia (IME), Escola Naval e Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) ele pôde deixar um pouco do seu conhecimento.

    Dono de uma imensa sabedoria, com muita humildade Lulu disse que enfrenta o afastamento como uma mudança material. “Temos que enfrentar com o espírito elevado e eu estou encarando naturalmente esta decisão. Vou continuar atendendo a todos que vierem até mim. Tenho um carinho muito especial pela UCP e sem vaidade alguma, com toda humildade, sou tratado pelos meus alunos com todo carinho. Tiveram meninos ontem que choraram, mas expliquei que essa é uma passagem e que vou continuar por perto”, conta. 

    Em julho, o professor, que trabalha desde os 14 anos com aulas particulares, completaria 50 anos de magistério. Contudo, deseja continuar na UCP ministrando palestras. “Quero contar histórias para os alunos e não quero ônus. Sou realizado na minha profissão e o meu compromisso é moral”, declara. 

    Em nota, a UCP informou que as circunstâncias do encerramento de suas atividades na UCP foram tratadas entre a administração e o professor. A universidade ainda garantiu que possui grande carinho pelo docente e informou que reconhece a sua contribuição e dedicação ao longo de todos esses anos. “Ele faz parte de nossa história!”



     

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