• Além da vice, Lula oferece a Alckmin o comando do Ministério da Agricultura

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  • 03/02/2022 17:00
    Por Lauriberto Pompeu / Estadão

    O pacote oferecido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ter o ex-governador Geraldo Alckmin como candidato a vice na disputa pelo Palácio do Planalto inclui um ministério. Desde que deixou o PSDB, Alckmin tem dito que, se a dobradinha com Lula vingar, e a chapa vencer a eleição, não quer ser um vice “decorativo”. Uma das propostas em discussão prevê dar ao ex-governador o comando de um ministério. As conversas giram em torno da pasta da Agricultura e Alckmin já começou até mesmo a atuar para diminuir resistências a Lula no agronegócio.

    Mesmo sem partido, o ex-tucano age como se a aliança estivesse concretizada. Alckmin prefere se filiar ao PSB, mas, se as negociações emperrarem, tem convite para entrar no Solidariedade e no PV. O comando da campanha de Lula também quer atrair o ex-prefeito Gilberto Kassab para a chapa. O PSD, presidido por Kassab, pode ser uma alternativa para abrigar Alckmin, caso o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), desista da pré-candidatura ao Palácio do Planalto.

    Na semana passada, o ex-governador teve uma conversa reservada com dirigentes da Força Sindical. Os participantes saíram com a impressão de que ele pretende ter um protagonismo maior do que o comumente atribuído a um vice. “Eu entendi que Geraldo quer ser um vice ativo, que contribui para a governabilidade e para as ações do governo”, disse o presidente da Federação dos Químicos de São Paulo, Sérgio Leite. “Ele quer ter um espaço de diálogo, de construção e aconselhamento.”

    CENTRO

    Embora setores do PT desconfiem das intenções de Alckmin e temam que ele possa virar um “novo Temer” se conquistar muito poder, Lula não tem essa avaliação e tenta cada vez mais se aproximar do centro político. Quando ocupava o Palácio do Jaburu, Michel Temer escreveu uma carta à então presidente Dilma Rousseff, em dezembro de 2015, na qual reclamava de ser um “vice decorativo”. Dizia, ainda, que sua experiência poderia ter sido usada no governo para discutir “formulações econômica e políticas de País”. Quatro meses depois, a Câmara dos Deputados autorizou a instauração do processo de impeachment contra Dilma.

    Nos últimos tempos, Lula tem dito a aliados que quer um companheiro de chapa atuante, mas que não atrapalhe. “O vice tem de ajudar a governar”, afirmou o ex-presidente, que enfrenta dificuldades para obter apoios de empresários do agronegócio.

    Em outubro, quando já negociava com Alckmin, Lula foi ao Twitter e defendeu a reforma agrária. “(…) Mas vocês nunca viram um discurso meu contra o agronegócio, inclusive no meu governo evitamos que eles quebrassem”, destacou, ao citar o nome de Blairo Maggi, que foi governador do Mato Grosso e ministro da Agricultura no governo Temer. Maggi é aliado de Lula e se manifestou contra os atos antidemocráticos de 7 de Setembro, comprando briga com alguns ruralistas.

    APROXIMAÇÃO

    No fim do mês passado, o ex-presidente se reuniu com parlamentares e também com empresários ligados ao agronegócio, muitos dos quais apoiadores da reeleição de Jair Bolsonaro. A estratégia do PT consiste em tentar uma aproximação cada vez maior com o setor e, para tanto, o petista tem usado Alckmin. “Ele atrai bastante porque tem uma história, foi governador de São Paulo, Estado com o maior PIB do País, e é dono de uma postura muito equilibrada. Com certeza, ele muda esse cenário”, argumentou o deputado Zé Silva (Solidariedade-MG), da Frente Parlamentar da Agropecuária.

    Para o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), Alckmin terá papel decisivo no diálogo com os ruralistas. “É um quadro político experiente e vai ajudar muito”, disse ao Estadão.

    No primeiro mandato, Lula nomeou o então vice, o empresário José Alencar, como ministro da Defesa. Alencar ocupou o cargo de 2004 a 2006 e, à época, foi elogiado até mesmo pelo então deputado Bolsonaro. Dilma, por sua vez, chegou a transferir a articulação política do governo para Temer, em abril de 2015, mas a estratégia fracassou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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