• Alegando despensa cheia, Prefeitura não busca as 8 mil cestas básicas doadas pelo Governo Federal

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  • 23/03/2022 05:00
    Por Redação/ Tribuna de Petrópolis

    A Defensoria Pública recomendou que a Prefeitura tome providências necessárias para que as 8.750 cestas básicas doadas pelo Ministério da Cidadania cheguem às vítimas da tragédia. De acordo com a Defensoria, os alimentos estão há um mês armazenados em um galpão em Mesquita, na Região Metropolitana, aguardando a Prefeitura buscá-los. As cestas devem ser distribuídas de forma igualitária aos 23 abrigos em funcionamento e a Prefeitura tem até hoje(23) para concluir o trabalho. 

    No documento, assinado pelas defensoras Luciana de Almeida Lemos e Juliana Carestiato da Silva, leva em consideração a situação de desastre que o município enfrenta desde o mês passado, que fez até agora, 240 vítimas e mais de 2 mil desabrigados. Somente com a chuva de domingo, o número de pessoas nos abrigos subiu para pouco mais de 1,1 desabrigados. 

    Cestas foram intermediadas pelo Governo do Estado

    As cestas, doadas pelo Ministério da Cidadania, foram intermediadas pelo Governo do Estado. Em entrevista à Tribuna, concedida no dia 05 de março, o secretário de Desenvolvimento do Social e Direitos Humanos, Matheus Quintal, falou sobre as ações de apoio que o Estado vinha dando ao município em função das chuvas do dia 15 de fevereiro e falou sobre as cestas. 

    Na ocasião, Matheus disse que o Estado intermediou um pedido de recurso de R$ 470 mil para as ações emergenciais da Assistência Social do município e garantiu a doação das 8.750 cestas básicas. 

    “O que o município nos solicitou foi que a gente fizesse a intermediação com o Ministério da Cidadania, e nós conseguimos R$ 470 mil que já estão na conta da Prefeitura, para que a Prefeitura pudesse fazer contratação de mão de obra, enfim, pudesse usar da maneira que quisesse. E a gente conseguiu 8.750 cestas básicas doadas pelo Governo Federal, doadas diretamente para a Prefeitura para que a Prefeitura pudesse atender essas pessoas. Tantos os R$ 470 mil quanto as cestas básicas já estão com a Prefeitura”, disse Matheus durante a entrevista. 

    Doação foi concretizada uma semana após a tragédia de fevereiro

    De acordo com o documento da Defensoria, as cestas foram disponibilizadas para a Prefeitura no dia 22 de fevereiro, após o município fazer um pedido no dia 16 de fevereiro, um dia depois do temporal. Neste momento, Petrópolis tem 1.178 pessoas vivendo em abrigos, 889 que buscaram pontos de apoio após a chuva do último dia 20 e 289 que estão abrigadas desde fevereiro. 

    Prefeitura alega que os alimentos no galpão são uma espécie de “despensa”

    Em resposta à Tribuna, a Prefeitura disse que está com alimentos em quantidade suficiente para atender as famílias atingidas – tanto no galpão da Tec Auto, em Itaipava, que recebeu 54 toneladas nos 30 primeiros dias da crise, quanto no galpão da Assistência Social. Como Petrópolis recebeu doações de todo o Brasil, a Prefeitura usou o material do Ministério da Cidadania, que está em Mesquita, como uma espécie de reserva por questão de logística e armazenamento correto dos alimentos. 

    CRAS fechados por falta de pessoal

    Nas três semanas seguintes ao dia 15 de fevereiro, todos os Centros de Referência da Assistência Social ficaram fechados. O secretário de Assistência Social, Fernando Araújo disse, em um material divulgado à imprensa, que o fechamento se deu porque os prédios precisavam ser vistoriados pela Defesa Civil. No entanto, nesta terça-feira, na tentativa de justificar o atraso em buscar a doação das cestas, a versão contada pela Prefeitura é a de que os CRAS ficaram fechados porque as equipes foram destacadas para atendimento nos pontos de apoio. 

    “As cestas básicas armazenadas no galpão da Tec Auto abasteceram os pontos de abrigo e os mercados sociais instalados nas comunidades. Importante destacar, também, que as doações do Ministério da Cidadania dependem de cadastramento dos beneficiários e os Centros de Referência em Assistência Social (Cras), que fazem esse trabalho, precisaram ser fechados, uma vez que as equipes foram deslocadas para o atendimento na ponta, nas áreas afetadas, sendo reabertos há 15 dias”, informou a Prefeitura, em nota. 

    Vale lembrar que, no dia 22 de fevereiro, a Prefeitura abriu um processo seletivo para contratação emergencial de 60 psicólogos e 60 assistentes sociais para atuar diretamente nos pontos de abrigamento. 

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