AJC Group e Frente Azul já negociam dívida
A AJC Group é do ramo financeiro e seu perfil é o de adquirir dívidas de outras empresas. A empresa foi anuncianda no início do ano, com toda pompa, como a patrocinadora máster do Serrano para o Campeonato Estadual da Série B1 e teve seu nome estampado na camisa do Leão da Serra. Todavia, deixou de repassar valores acordados pouco tempo depois de assinar o contrato com a Frente Azul e isto se transformou em uma crise sem precedentes no futebol do clube petropolitano. A Tribuna ouviu o diretor da empresa, que prometeu pagar o que deve ao grupo gestor do clube. Um representante da Frente Azul confirmou o início das negociações.
Em uma conversa por telefone, Fábio Bastos – dirigente da empresa – informou que os repasses financeiros, previstos no contrato entre a AJC Group e a Frente Azul não foram cumpridos, mas prometeu para este ano reescalonar a dívida, que gira em torno dos R$ 100 mil reais, e quitá-la provavelmente até o final do ano. Segundo Fábio, o motivo pelo qual o dinheiro não foi liberado, de acordo com o contrato, foram “problemas operacionais no fluxo de caixa”, na qual não conseguiu cumprir todas as parcelas com o futebol. Por causa disso, acrescentou o diretor, a quantia regular não foi liberada.
“Na ocasião em que assinamos o contrato, tínhamos todas as possibilidades de cumpri-lo. A AJC, que faz a gestão de dívidas de empresas, passou a ter problemas operacionais e comprometeu o nosso fluxo de caixa. Na realidade, não rompemos o acordo com a Frente Azul e tivemos uma série de bloqueios que inviabilizaram o caixa da empresa. Comunicamos ao Dudu (Dudu Monsanto, gestor da Frente Azul) sobre essa situação e pelo visto ele não conseguiu conduzir o negócio da melhor maneira, preferindo nos atacar pelas redes sociais, infelizmente”, explicou Bastos, sem informar, no entanto, quando começam esses pagamentos ao grupo que faz a gestão do futebol azul e branco desde 2016.
Falando pela Frente Azul, o diretor de futebol Marcelo Macedo confirmou o contato do escritório de advocacia da AJC Group com o grupo gestor de futebol. Segundo ele, existe um acordo sendo costurado entre as partes e acredita em um final feliz, ou seja, que a empresa financeira cumpra os repasses previstos em contrato celebrado ainda no primeiro trimestre.
“A Frente Azul é uma entidade sem fins lucrativos e que está aqui apenas para ajudar o Serrano. É uma união de pessoas que querem o bem do clube, que consiga reviver os bons tempos em que estava na elite do Rio. Só que sofremos bastante por causa da falta do dinheiro no orçamento, provocado pela AJC Group. Isto prejudicou demais nossos planos no Campeonato Estadual e provocou vários problemas”, declarou Marcelo, o ex-atacante que virou dirigente e que pôs algumas peças pessoais em leilão para levantar o dinheiro que será empregado no pagamento do último mês de salário do elenco e comissão técnica.
Os atrasos nos repasses certamente trouxeram uma dor de cabeça enorme para a Frente Azul e, de forma concreta, prejudicou a campanha da equipe na Segundona. Os salários foram atrasados e em virtude disso houve até umaameaça de greve dos jogadores, nos mesmos moldes ocorridos com o Goytacáz neste ano, mas graças a intervenção do departamento de futebol, o problema foi equacionado. Até mesmo os torcedores compraram a briga de Monsanto, ao produzirem uma série de posts contrários a AJC Group. Dudu se viu obrigado a promover uma nova campanha “Camisa com História não Morre”, em sua segunda versão, para vender objetos pessoais – alguns deles verdadeiras relíquias do jornalismo brasileiro – e levantar o dinheiro necessário para quitar todas as dívidas contraídas durante a campanha no campeonato.
Mesmo com os problemas financeiros, o Serrano fez neste ano a melhor campanha na Série B1 desde que voltou a disputar este campeonato. Terminou em 13º lugar, com cinco vitórias, cinco empates e oito derrotas, sendo que o sub-20 chegou a semifinal da Taça Corcovado (segundo turno), concluindo sua presença como o nono melhor time entre 17 participantes. Outro ponto positivo foi o engajamento da torcida pelas redes sociais, que tem sido um aliado.