“Agentes” de quatro patas fazem sucesso na Guarda Civil Municipal

Eles são espertos, brincalhões e muito atléticos, podem até parecer cães domésticos, mas não se enganem: os k-9 são cães altamente treinados para atuar em operações junto com a policia e a guarda civil. Eles levam uma rotina de atleta, com alimentação saudável, treinamentos diários, trabalhos externos e, claro, o merecido descanso. Atualmente atuam em operações de detecção de entorpecentes e desenvolvem um trabalho de cinoterapia em algumas instituições na cidade.

São treze cães das raças: rotweiller, pastor belga-malinois, pastor-holandês e american pit bull terrier. Cada cão recebe um treinamento especializado dentro das duas características de genética e personalidade, que são desenvolvidas desde quando chegam no canil, ainda filhotes. São três modalidades de treino: para proteção, detecção de entorpecentes e trabalhos terapêuticos da cinoterapia.

Apesar da postura de durões em serviço, esses cães não perdem as características próprias da raça e, principalmente, da idade, como explica o responsável técnico e operacional do grupamento de ações com cães da Guarda Civil, o cinotécnico Leandro Lopes.“Os cães que vem para o canil são cães selecionados para o trabalho que estamos propondo. São escolhidos pela raça e genética. Eles são treinados desde a infância, mas nem por isso deixam de aproveitá-la. Apesar do treinamento, eles não deixam de fazer coisas que são próprias dos cachorros”.

Leandro destaca que é preciso desmistificar a ideia de que o cão K-9 é um cão que sofre, que só vive em treinamento. Segundo ele, os cães recebem todos os cuidados, atenção e carinho que os animais tanto precisam. O afeto e a ligação pessoal com o animal são essenciais para um bom trabalho.

Para o cinotécnico, a sensibilidade entre o Guarda e o cão é fundamental para ele perceber o que o animal está querendo dizer. Durante uma operação de detecção de entorpecentes e armas, por exemplo, ter a sensibilidade para perceber onde o animal está apontando pode ser o sucesso da operação. 

No trabalho de proteção, o cão é preparado para defender o policial ou guarda que está em sua companhia, por exemplo. E obedecendo a comandos específicos pode ajudar a imobilizar um suspeito durante uma ação. Apesar de parecer agressivo, Leandro garante que as mordidas são controladas e não são para machucar o sujeito, são apenas para controlar a situação.  

Além do trabalho nas ruas, alguns desses cães são co-terapeutas no projeto de cinoterapia desenvolvido no canil. Algumas vezes por semana, o Ganny, a Tina e a Lola vão até o CTO (Centro de Terapia Oncológica) e lar de idosos, levando alegria  e ajudando a melhorar a autoestima de pacientes e idosos. 

Trabalhar o lado social com os cães tem sido muito importante. É muito emocionante ver como os pacientes mudam depois que começam a se relacionar com os cães. Eles ficam ansiosos esperando pelas visitas, tinham pessoas que nem saiam da cama e agora vão até tomar sol com eles", contou o guarda civil, Marcelo Dias. 

Além de todo treinamento, os cães são acompanhados por um médico veterinário e uma médica veterinária nutrologa. A Guarda mantém parceria com laborátorios que ajudam no fornecimento de vacinas, medicamentos, alimentação. 

Guarda Civil faz parceria com Universidade para treinamento de cães

Recentemente a Guarda anunciou uma nova parceria com a  Universidade Severino Sombra, de Vassouras, para o treinamento de cães para atuar fazendo detecção e resgate de corpos em escombros. A universidade vai buscar materiais que possam contribuir na preparação os animais durante o treinamento.

Para Leandro, essa parceria é fundamental, e é de grande importância para enriquecer o Grupamento de Operações. "No estado do Rio de Janeiro temos apenas quatro cães treinados para esse tipo de trabalho. Com essa pareceria podemos treinar, pelo menos, dois cães que vão auxiliar as autoridades competentes não só em Petrópolis, mas em cidades vizinhas", disse. 

É a primeira vez que esse serviço será permanente em Petrópolis. Na tragédia de 2011 um cão foi utilizado para ajudar a achar corpos em meio aos escombros no Vale do Cuiabá. Ele pertencia a ONG Cães de Resgate e ajudou a encontrar pelo menos seis corpos.

A colaboração vai permitir que a universidade possa fazer um estudo de campo sobre esse tipo de treinamento. A intenção é criar um livro com os resultados da pesquisa, servindo para a literatura do tema no Brasil.