• Advogado de Adélio Bispo assume defesa de Doutor Jairinho, acusado da morte do menino Henry

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  • 23/jul 09:53
    Por Gabriel de Sousa / Estadão

    O ex-vereador do Rio Doutor Jairinho trocou a equipe de defesa dele nas vésperas de ir a júri popular pela morte de Henry Borel, que foi morto quando tinha quatro anos em 2021. Entre os novos advogados dele está Zanone Manuel de Oliveira Júnior, que representou Adélio Bispo, autor da facada no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante um comício na campanha presidencial de 2018.

    Jairinho está preso preventivamente no complexo penitenciário de Gericinó, também conhecido como Bangu, desde abril de 2021. O ex-vereador e a ex-namorada dele Monique Medeiros são acusados de homicídio qualificado, com emprego de crueldade e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Eles aguardam pela escolha da data do julgamento popular pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).

    Zanone ficou conhecido após advogar para Adélio Bispo após o atentado contra Bolsonaro em Juiz de Fora (MG). Além dele, o advogado também representou o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, mais conhecido como Bola. Em 2019, ex-PM foi condenado a 27 anos de prisão pelo assassinato da modelo Eliza Samudio, ex-namorada do goleiro Bruno Fernandes.

    Ao Estadão, o advogado disse que irá produzir novos pareceres técnicos antes do julgamento do ex-vereador.

    Além de Zanone, outro advogado que irá defender Jairinho é Fabiano Lopes. Ele é conhecido por ministrar palestras sobre a Lei de Drogas, que diferencia usuários de traficantes de entorpecentes.

    Zanone e Lopes vão substituir Cláudio Dalledone Júnior e Janira Rocha. Ao Estadão, Dalledone afirmou que deixou a defesa do ex-vereador por questões financeiras. “Seriam aproximadamente R$ 500 mil para custear perícias, peritos, analistas, pareceres técnicos, assessoria de imprensa, hospedagens, alimentação e materiais destinados à realização deste júri”, afirmou. A equipe de reportagem também procurou Janira, mas não obteve retorno.

    Relembre o caso da morte do menino Henry Borel

    Henry Borel foi morto em 8 de março de 2021 e investigações da Polícia Civil do Rio apontaram Jairinho e a professora Monique Medeiros como os responsáveis pelo crime. Os dois começaram um romance em agosto de 2020, e a mãe e o filho foram morar com o ex-vereador em um apartamento na Barra da Tijuca.

    Na noite em que Henry morreu, Monique disse que acordou durante a madrugada e encontrou a criança no chão, com mãos e pés gelados e olhos revirados. Ela relatou à polícia que acordou Jairinho após vislumbrar a cena. A professora depois mudou a versão, dizendo que foi o ex-vereador quem acordou primeiro e viu o menino.

    O casal levou a criança a um hospital, onde foi constatada a morte. Médicos que atenderam o menino afirmaram que ele chegou morto à unidade de saúde. A autópsia indicou que Henry tinha 23 lesões pelo corpo. A causa da morte foi hemorragia interna por laceração hepática.

    Posteriormente, a Polícia Civil do Rio indiciou Jairinho por tortura e homicídio duplamente qualificado. Monique, por sua vez, foi indiciada por tortura, na forma omissiva.

    Em maio de 2021, o Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ) denunciou Jairinho por homicídio triplamente qualificado, tortura e fraude processual. Monique foi denunciada pelo homicídio e tortura (por ter se omitido em relação a essas duas condutas de Jairinho), falsidade ideológica, fraude processual e coação de testemunha.

    No dia 30 de junho de 2021, Jairinho teve o mandato de vereador cassado em uma votação unânime. Em fevereiro deste ano, ele também perdeu o registro no Conselho Federal de Medicina (CFM) por quebra do Código de Ética médica.

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