Adeus, Roberto Francisco!
Roberto Francisco era um amigo de verdade. Espírito iluminado. Há dias aos nos cumprimentarmos eu não imaginava que era a despedida terrena. Recebi com tristeza a notícia de que alçara voo ao regaço Paterno. Por isso, querido Confrade-amigo desejo em meu nome e de todo o universo da poesia abraçá-lo demoradamente. Falar em Roberto Francisco é discorrer ainda que de forma tênue e perfunctória sobre o Imperador, das trovas, sonetos, quadras, são algumas das nuanças que o ornaram. Sensibilidade à flor da pele, onde a elegância e o lirismo fluiam fáceis e cristalinos como água no regato. Mecenas por excelência, a começar pelo exercício no Magistério, mais que sacerdócio. Recordo-me com saudades os tempos à frente da Presidência tanto da então A P P Raul de Leoni, hoje Academia Brasileira de Poesia, quanto da APL, pude contar com a efetiva participação acadêmica e mais que isso, grande colaboração do insigne Confrade. Roberto Francisco, filho do comerciante, orador e poeta Ibrahim Antônio Francisco (Buzico), nasceu em Anta, 2º Distrito de Sapucaia-RJ, em 30/04/1931. Seu pai, desde cedo, ensinou aos 10 filhos, de que Roberto é o mais velho, as artes da oratória e da poesia. Já se levantava, recitando. E obrigava os filhos, em dias de aniversários, festas quaisquer, a se saudarem a mesa do café e a falarem na escola e na rua, em saudação à bandeira e às datas cívicas. É sua a quadra: “Na bandeira, cabe a pátria, por maior que a pátria for; numa hóstia, pequenina, cabe Deus, Nosso Senhor!”. Habituados a falar de improviso, os mais velhos, Roberto (Betinho) e Sara saudaram autoridades as mais diversas. Há uma foto de Betinho sobre a barriga do Presidente Vargas, quando o saudou, pela inauguração da Rio-Bahia. Concluído o primário, na Vila de Anta, Betinho discursou para o Governador Amaral Peixoto, em Areal e, conforme previa seu progenitor, ganhou bolsa de estudos no internato do Colégio Plínio Leite- Petrópolis, para onde veio, em Dezº. de 1942, preparar-se no Curso de Admissão ao Ginásio. Em 1951, casou-se com Neusa Monteiro (filha do comerciante Djalma do Ó Monteiro), depois de um namoro iniciado em 1946. Da união, lhes vieram sete filhos: Ângela Maria, Roberto Jefferson, Ricardo Luiz, Elizabeth Marina, Neusa Maria, Rosane e Ronaldo. Deram-lhes 23 netos e até o meio do corrente ano, 13 bisnetos. Roberto era acadêmico. Foi titular das Academias de Letras, Educação, Ciências e Poesia. Presidiu, também, há quase 30 anos, a União Brasileira de Trovadores – Seção de Petrópolis. foi colaborador da Tribuna de Petrópolis, do Petrópolis-Post, do Jornal de Petrópolis, da Folha de Petrópolis, da Gazeta Petropolitana, do Jornal do SINEPE-RJ, da Rev. Diálogo da PRF, falava diariamente pela Rádio Imperial às 08:10 da manhã. Presidiu, inúmeras vezes, o PTB local. Roberto foi Juiz- Classista, representante dos empregadores, por aproximados seis anos. Vereador em Petrópolis, de 1963 a 1966, ali exercendo as funções de Vice-Presidente e Secretário. Foi Secretário de Fazenda, no Governo Gratacós. Publicou Os Francisco na Poesia, Matemática Industrial e Trigonometria Industrial. Participou também da publicação de revistas da APPRL, da APE, e de vários livros de prosa e poesia. Publico, para encerrar, seu soneto de que ele mais gostava: “Desde os primórdios, nosso amor foi tanto, que só fez aumentar tempos afora, vivendo no calor e doce encanto, qual sol fulgente na sublime aurora.” Cum Christo in Pace Roberto Francisco!