• Acusações de assédio na Caixa chegam ao TCU E ao MP do Trabalho

  • 30/06/2022 08:00
    Por André Borges e Julia Affonso / Estadão

    As acusações de assédio sexual que recaem sobre Pedro Guimarães, agora ex-presidente da Caixa, não ficarão limitadas às denúncias levadas ao Ministério Público Federal (MPF) por funcionárias do banco estatal. Outras instâncias se mobilizam para aprofundar as investigações.

    O Ministério Público do Trabalho (MPT) no Distrito Federal abriu procedimento para analisar as acusações. Com base nas denúncias trazidas pelo site Metrópoles na terça-feira, o MPT abriu um procedimento classificado como “notícia de fato” que pode resultar em um inquérito civil.

    Pedro Guimarães e a Caixa foram oficialmente notificados pelo MPT ontem para que se manifestem sobre as acusações em 10 dias corridos. O MPT solicitou ainda que o banco apresente “a relação de denúncias eventualmente apresentadas” contra o executivo e contra o vice-presidente de Atacado na Caixa, Celso Leonardo Barbosa, desde que eles assumiram os cargos.

    Já o Tribunal de Contas da União (TCU) anunciou que fará uma auditoria no sistema interno de denúncias e de combate a assédio da Caixa. A decisão foi tomada pela presidente do TCU, ministra Ana Arraes. Nos depoimentos, as mulheres foram claras em dizer que não denunciaram antes as situações por medo de serem perseguidas pela gestão do banco. Afirmaram ainda não confiar nos canais de denúncias – a Caixa possui um setor específico, a corregedoria, que tem entre as atribuições a apuração de casos do tipo.

    “Nesse contexto, tendo em vista as recentes notícias veiculadas na imprensa, sobre denúncias de assédio no âmbito da Caixa Econômica Federal, que envolvem o presidente da instituição, considero pertinente que este tribunal realize ação de controle para avaliar o grau de maturidade dos instrumentos e das práticas de que esse banco público dispõe para prevenir e punir casos de assédio”, afirma Ana Arraes.

    A ministra afirmou que órgãos de fiscalização superior, como o TCU, “não só podem, como devem efetivamente atuar para a construção de um sistema eficaz de prevenção e combate ao assédio” nos órgãos e entidades públicas, como vem ocorrendo em outros países.

    Conforme a reportagem do Metrópoles, uma das funcionárias afirmou ter conhecimento do caso de uma colega que comunicou uma situação de assédio, mas logo depois sua “denúncia” chegou às mãos de funcionários do gabinete de Guimarães. “A gente tinha muito receio, porque em qualquer lugar em que vá essa denúncia ele pode ter um infiltrado. E isso afeta o resto do meu encarreiramento, no aspecto profissional. Então, era melhor esperar passar”, disse. “Noventa por cento das mulheres não vão falar porque ele tem poder.”

    Guimarães já era alvo de um processo por assédio moral coletivo movido pelo Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de São Paulo. O caso faz referência ao evento dos dias 14 e 15 de dezembro passado, em Atibaia (SP), quando Pedro Guimarães ordenou que os funcionários fizessem flexões no chão como se fossem soldados.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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