Acadêmicos condenam repressão na Venezuela e pedem reconhecimento de vitória de opositor
Um grupo de acadêmicos e pesquisadores de cinco países condenaram a repressão do ditador Nicolás Maduro na Venezuela e pediram a comunidade internacional para reconhecer a vitória do opositor Edmundo González Urrutia. Em uma carta aberta publicada nesta quarta-feira, 7, o grupo exige transparência no processo eleitoral e a responsabilização na contagem de votos.
Escrita por pesquisadores dedicados aos estudos de democracia, a carta cita as três verificações independentes dos resultados venezuelanos publicados até o momento – da AltaVista Parallel, da agência Associated Press e do jornal The Washington Post -, que indicam que González Urrutia recebeu pelo menos meio milhão a mais de votos que o registrado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que deu a vitória a Maduro.
“Isso levanta questões fundamentais sobre a integridade do processo eleitoral e a legitimidade dos resultados”, diz o documento.
Os acadêmicos, provenientes de instituições de cinco países (Estados Unidos, Brasil, Chile, Reino Unido e Argentina), também citam a Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Carter Center, que fizeram apontamentos sobre a transparência da eleição, e a contestação de países da região. Como observadores independentes, as organizações afirmam que sem as atas, que indicam os resultados desagregados por mesa de votação, não é possível atestar a veracidade das eleições.
“A maioria dos países da região também condenou a falta de transparência, incluindo Chile, Guatemala, Costa Rica, Argentina, Uruguai e Peru, enquanto México, Brasil e Colômbia divulgaram uma declaração oficial pedindo que as autoridades venezuelanas tornem públicas todas as contagens de votos”, escrevem.
Países como os Estados Unidos, a Argentina, o Uruguai e o Equador reconheceram Edmundo González Urrutia como o verdadeiro vencedor das eleições venezuelanas. Nações governadas pela esquerda, como o Brasil, a Colômbia e o México, cobram as publicações das atas para reconhecer os resultados.
A oposição venezuelana acusa a ditadura de fraude eleitoral e autoproclamou González como presidente eleito.
Veja a lista de acadêmicos e ativistas que assinam a carta:
– Alberto Diaz-Cayeros , pesquisador sênior, Centro de Democracia, Desenvolvimento e Estado de Direito da Universidade de Stanford Beatriz Magaloni , professora de Ciência Política na Universidade de Stanford Cristóbal Rovira Kaltwasser , professor da Universidade Católica do Chile
– Francis Fukuyama , Olivier Nomellini Senior Fellow, Diretor do FSI, Ford Dorsey Mestrado em Política Internacional
– Jennifer Cyr , Professora Associada e Diretora de Estudos de Pós-Graduação em Ciência Política, Universidad Torcuato Di Tella Julieta Suarez-Cao , Professora Associada de Política na Universidade Católica do Chile
– Kati Marton , autora de oito livros, membro do conselho e ex-presidente do Comitê para a Proteção de Jornalistas Kenneth Roberts , Professor de Governo na Universidade Cornell
– Larry Diamond , William L. Clayton, pesquisador sênior da Hoover Institution Laura Gamboa , professora assistente da Universidade de Notre Dame
– Maria Hermínia Tavares , Professora Emérita de Ciência Política da Universidade de São Paulo
– Maria Victoria Murillo , Diretora do Instituto de Estudos Latino-Americanos e Professora de Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade de Columbia
– Matias Spektor , Professor de Política e Relações Internacionais na Escola de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas Michael Albertus , Professor da Universidade de Chicago
– Pedro Telles , Professor Adjunto da Fundação Getulio Vargas e Senior Atlantic Fellow da London School of Economics and Political Science
– Simon Cheng Man-kit , ativista de Hong Kong, ex-funcionário de comércio e investimento no Consulado Geral Britânico em Hong Kong
– Steven Levitsky , Professor de Governo e Diretor do Centro David Rockefeller de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Harvard
– Susan Stokes , Professora de Ciência Política na Universidade de Chicago
– Tulia Falleti , Professora de Ciência Política na Universidade da Pensilvânia