• Abril Laranja: Veterinária reforça sobre prevenção contra maus-tratos aos animais

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  • 20/04/2021 13:04
    Por Redação/ Tribuna de Petrópolis

    A luta contra a crueldade aos animais é uma bandeira que deve ser defendida todos os dias. No entanto, para oficializar e alertar a população a respeito deste grave problema, em 2006, a Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade a Animais (ASPCA, na sigla em Inglês) escolheu o mês de abril para a campanha Abril Laranja, cujo símbolo é uma fita na cor laranja, a exemplo das campanhas humanitárias. No Brasil, tramita no congresso a mudança da natureza jurídica dos animais, objetivando que eles deixem de ser coisas e passem também na legislação a serem seres sencientes, ou seja, que sentem dor, frio, medo, também como os seres humanos.

    A sociedade também pode ajudar. Para denúncias de maus tratos, em Petrópolis, é possível fazer um Boletim de Ocorrência junto à delegacia mais próxima. O responsável deve ser identificado e seu endereço registrado. Outra maneira de denunciar é encaminhar o caso para a Coordenadoria de Bem-estar Animal do município, pelo WhatsApp (24) 98839-7243. Outro telefone disponível para denúncia é o do programa Linha Verde (0300 253 1177), no qual as informações serão encaminhadas para órgãos como a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, o Comando de Polícia Ambiental, o Instituto Estadual do Ambiente, a Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais, que analisam cada caso e tomam as medidas legais necessárias.

    Neste cenário, o médico-veterinário exerce papel fundamental na orientação da sociedade acerca da guarda responsável dos animais de companhia, já que a crueldade está mascarada de várias formas, e uma delas é o abandono de animais domésticos. É importante lembrar que praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos configura crimes contra o meio ambiente e está passível de pena, de acordo com a Lei nº 9.605/98. Além disso, a Lei Federal n° 14.064/20, sancionada em setembro, aumentou a pena de detenção para até cinco anos para quem cometer este tipo de crime.

    De acordo com a médica veterinária Maria Beatriz Pellegrini, que atua em Petrópolis, primeiramente é importante discernir crueldade de maus-tratos. “A crueldade é um ato voluntário. A pessoa está sendo má porque ela quer ser má. Ela quer causar sofrimento. Ela tá consciente da agressão física, do ato cruel. Maus-tratos não é bater. Não é deixar na chuva. É uma situação ampla e complexa. É o descaso, o descuido, a falta de cuidado com o animal de uma maneira geral. A falta de higiene, falta de limpeza do animal, uma água que não é trocada várias vezes ao dia, um ambiente que não é limpo para que o animal possa se sentir bem. Estas características podem ser consideradas maus-tratos”, explica.

    Há outras situações que também podem ser consideradas maus-tratos, como uma alimentação inadequada à faixa etária e dentição do bichinho. “Os idosos sempre são os que mais passam por estes problemas porque eles já têm dificuldade de mastigar, já perderam os dentes. O alimento que está sendo oferecido não está de acordo com a capacidade dele mastigar. Isto faz o animal ficar muito magro, com fome mesmo. Porque ele não consegue comer o que é dado para ele. Uma boca com tártaro e mau cheiro que precisa ser limpa porque senão pode dar mosca. Um pelo longo que se não pode ser escovado e banhado, que seja mantido tosado. Unhas sempre aparadas para não atrapalhar o andar do animal. No caso de gatos, a banheirinha precisa ser higienizada com frequência. Uma banheirinha encharcada vai fazer com que o gato mude os hábitos. Além disso, também pode ser considerado maus-tratos aos cães, quando o animal fica preso no canil, onde ele não pega sol, onde ele não pode correr, não pode exercitar a vida normal de um cachorro”, orienta.

    O descuido, o descaso, o hábito de não observar as necessidades do animal gera maus-tratos, mas isso não significa que a pessoa seja ruim. Não significa que o tutor queira deliberadamente impor sofrimento ao animal. Para Beatriz, isso pode ser percebido no atendimento veterinário. “Depende de como o animal chega à clínica, mas eu diria que não é incomum. Se vê com frequência, animais chegando com situações desnecessárias, caso eles tivessem sido atendidos a tempo e a hora. Existem situações que a gente sabe que a qualquer momento pode acontecer uma larva ali. Outros casos, a gente sabe que se houvesse uma higiene diária do animal, dos olhinhos, do narizinho, principalmente nos animais mais idosos, que se defendem pouco, são animais muito trabalhosos, requerem mais atenção e muitas vezes é necessário fazer as coisas por eles porque eles já não são mais capazes de fazer”, relata.

    Por outro lado, animais que são vítimas de crueldade são mais difíceis de se identificar no consultório, já que há aqueles animais que são bastante tímidos, medrosos ou estressados, sem ter passado por circunstância de agressão em casa. Para a veterinária, a conscientização contra maus-tratos deve ser pacientemente promovida nos tutores. “Às vezes, a gente percebe no comportamento do tutor durante a consulta que ele é um tanto grosso com o animal e a gente tenta conversar que não é assim que se fala, não é assim que se faz. O quanto que o medo pode fazer mal a vida do animal, o estresse que gera mudança de comportamento. É preciso ter muita delicadeza para explicar isso para as pessoas para você não acabar tendo o inverso. Além do tutor ficar chateado com você, ele ainda vai piorar a conduta com o animal porque levou uma bronca do veterinário. Às vezes, você fica pedindo o retorno do animal que é para poder ir cada dia falando um pouco mais com a pessoa, convencendo a pessoa, explicando, ensinando. Cada pessoa é uma maneira de abordar. Sempre comparando os animais com a gente, estimulando a pessoa a se colocar no lugar do animal. Explicando que o fato do animal não chorar, não significa que ele não está sentindo dor”, esclarece.

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