No mês dedicado à saúde da mulher, especialista do Hospital Santa Teresa fala sobre a doença que afeta de 10% a 15% da população feminina brasileira
A endometriose é uma condição ginecológica que pode causar muitas dores e, até mesmo, afetar a vida reprodutiva das mulheres. Nos últimos anos, houve um aumento exponencial no interesse sobre a doença, tanto em publicações científicas médicas como em redes sociais e conversas cotidianas. Alguns especialistas alertam, inclusive, para a utilização do termo de forma indiscriminada que pode gerar um certo “modismo” em torno da condição. Com a chegada do mês da mulher, a ginecologista e obstetra do Hospital Santa Teresa, Dr. Diane Leite, explicou um pouco mais sobre o problema.
A fisiologia da endometriose envolve a presença de um tecido que reveste internamente o útero. Esses focos podem se desenvolver em várias áreas do corpo, incluindo trompas, intestino, bexiga, pulmão e diafragma. A origem precisa da patologia ainda não é totalmente compreendida, embora já existam algumas teorias.
O tratamento para a doença passou por mudanças significativas ao longo do tempo. Antigamente, o foco era exclusivamente cirúrgico, mas hoje existem diversas opções, desde dispositivos intrauterinos (DIU) e terapias hormonais até tratamentos cirúrgicos, dependendo do grau e do comprometimento da condição.
“É fundamental entender que a endometriose é uma doença da fase reprodutiva da mulher, exigindo sangramento para se manifestar. Portanto, o tratamento visa interromper esse sangramento, seja por meio de medicamentos ou, em casos mais graves, intervenções cirúrgicas”, destaca a Dra. Diane Leite.
Além disso, a abordagem multidisciplinar no tratamento desse distúrbio vem ganhando destaque. A condição é considerada inflamatória e crônica e a nutrição desempenha um papel crucial no alívio dos sintomas. Dietas anti-inflamatórias e a prática de atividade física são recomendadas para melhorar a qualidade de vida das pacientes.
“O tratamento da endometriose hoje é multidisciplinar, incorporando não apenas a supressão da menstruação, mas também a atenção à inflamação através da alimentação e do exercício físico. A individualização do tratamento é essencial, pois existem diferentes graus de endometriose, e cada paciente pode apresentar sintomas variados”, afirma a ginecologista e obstetra do Hospital Santa Teresa.
Embora a endometriose seja uma condição da vida moderna, com diagnósticos mais acessíveis, há um alerta sobre o excesso de diagnósticos, muitas vezes identificando casos que não causam impacto clínico significativo. A compreensão da complexidade da endometriose e a importância de tratamentos personalizados são fundamentais para proporcionar o melhor cuidado às mulheres afetadas por essa condição.
O tratamento não apenas visa aliviar sintomas dolorosos, mas também desafia conceitos relacionados à fertilidade. O acompanhamento cuidadoso e a adaptação do tratamento para cada paciente são cruciais para garantir o melhor resultado possível. Por isso, é importante fazer visitas regulares a um especialista para acompanhar a condição desde o início e acompanhar a sua evolução.