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  • Ipse Pax Nostra

    17/08/2022 15:07
    Por Fernando Costa

    Momento de saudade, reflexão e gratidão. Eram dezenove horas do dia nove de julho de 2008, portanto, há  quatorze anos, quando recebi a noticia de que nosso querido Bispo Emérito Dom José Carlos de Lima Vaz acabara de falecer. Não obstante em vigília e constantes orações durante os dias anteriores, não escondia que era preocupante o estado de saúde de nosso querido Pastor em Cristo, há dias internado no Hospital Samuel Líbano da Cidade de Pouso Alegre, Minas Gerais, situado a poucos quilômetros da Cidade de Santa Rita do Sapucaí-MG. Dom Vaz lecionava na Escola Técnica de Eletrônica daquela cidade durante décadas, onde também mantinha residência. Lecionava e realizava sua obra evangelizadora, sem contar que exercia a vice-assistência às Congregações Marianas do Brasil, às Comunidades Jesuítas e junto à PUC do Rio de Janeiro. Se a tristeza era grande, tornou-se completa ante a fragilidade humana ao deparar-se com a morte. Liguei para os contatos que vinha fazendo com o dito nosocômio, falei com a Direção e com o Pe. Catarino que vinha assistindo Dom Vaz durante todo o tempo e certifiquei-me das exéquias, do horário e do sepultamento que foram realizados em Santa Rita do Sapucaí às 17hs, no dia 10 de Julho. Restava-me comunicar às Instituições e pessoas que eram de suas relações, dentre elas o amigo José Manoel da Comunidade Nossa Senhora D’Ajuda, do Quarteirão Ingelhein, que durante todo esse tempo veio acompanhando o desenrolar do estado de saúde de nosso pranteado Bispo Emérito, bem assim as demais comunidades religiosas e acadêmicas, conclamando-os a rezar e pedir à Maria Santíssima que conduzisse ao regaço do Pai o filho amado e que lhe fora fiel até o exalar do último suspiro. E me veio à memória o carinho, a consideração, o amor às crianças, as diversas visitas feitas a nosso escritório sem protocolos e  cerimônias, o convívio na Academia Petropolitana de Letras, a simplicidade própria dos grandes homens ricos em virtudes. Guardo n’alma e nos arquivos a numerosa correspondência, fotos e belas palavras brotadas de seu coração ao apresentar meu livro “Rastros de Luz” publicado em maio do ano em curso. São muitos os momentos de beleza das homilias, as obras sociais, culturais e evangélicas, as incontáveis obras literárias escritas pelo exímio pensador, escritor e filósofo Dom José Carlos de Lima Vaz que também teve inúmeros ensaios publicados em jornais e revistas especializados, notadamente nos Jornais do Brasil, O Globo, Tribuna de Petrópolis, Diário de Petrópolis, Jornal de Cascatinha, dentre outros. O Bispo Dom Vaz, nasceu em Ouro Preto, MG, a 26 de agosto de 1928. Terminados os estudos primários e secundários em Ouro Preto, Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, entrou em 1944 no Noviciado da Companhia de Jesus em Nova Friburgo, RJ. Fez os estudos de humanidades, ciências e filosofia em Nova Friburgo e o magistério no Colégio São Luís em São Paulo. Em 1954 iniciou o curso de teologia na Universidade Pontifícia de Comillas (Espanha) onde foi ordenado sacerdote em 15 de julho de 1957. Terminada a formação religiosa (Terceira Provação) em Volta Redonda, RJ, foi para São Paulo onde fez o Curso de Química na USP. De 1963 a 1973 foi o Diretor e o construtor da Escola Técnica de Eletrônica em Santa Rita do Sapucaí, MG. De 1973 a 1979 foi o Reitor da Universidade Católica de Goiás em Goiânia, GO, e de 1980 a 1984 Vice-Reitor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) do Rio de Janeiro. De 1984 a 1986 se dedicou à recuperação da velha Igreja de São Gonçalo no centro de São Paulo, à ampliação da Paróquia Nipo-brasileira naquela Igreja e à direção da Casa de Anchieta, centro cultural e histórico no centro de São Paulo no Pátio do Colégio. Durante este período foi também o Diretor Arquidiocesano do Apostolado da Oração em São Paulo. Nomeado Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro, foi ordenado Bispo no Rio de Janeiro em 7 de março de 1987. Após 9 anos servindo em vários setores da Arquidiocese foi nomeado Bispo Diocesano de Petrópolis, RJ, onde tomou posse no dia 13 de Janeiro de 1996. Em 11 de julho de 2004, tendo passado o limite de idade, teve sua renúncia como Bispo Diocesano de Petrópolis aceita pelo Santo Padre tornando-se Bispo Emérito. Dom Vaz que escolheu como lema Episcopal “IPSE PAX NOSTRA. Ele, Cristo, é a nossa paz! (Ef. 2,14), nasceu, cresceu e fez germinar a paz e o amor entre os irmãos. Dom Vaz viveu literalmente em palavras e ações o pontificado por Cristo “deixai vir a mim as criancinhas, porque delas é o reino dos céus”.”Ficou o perfume nas mãos que ofereceram rosas, das mãos que souberam ser generosas…”  Fica também a saudade, mas fica sobretudo a certeza de que mais que nunca Dom Vaz cumpriu o pontificado pelo Apóstolo Paulo em Timóteo 2, capitulo 4, versículo 7 das Sagradas Escrituras quando disse: Bonun certamen certavi, fidem cervavi, cursum consumavi” ou seja: ” combati o bom combate, cumpri o meu dever e não perdi a fé.” Dom Vaz escolheu um local simples, discreto e longe dos holofotes para repousar o sono da paz.  Que os céus nos concedam sejam seus restos mortais trasladado para nossa Catedral o mais breve possível onde durante anos conduziu seu rebanho. Dom Vaz por onde passou deixou um rastro de luz. Descanse em paz nosso querido Bispo Emérito e até um dia nos céus. 

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