A região da Fazenda Inglesa sofre com um abandono do poder público. São diversos problemas, em várias localidades, como buracos e desníveis enormes nas vias, acúmulo de entulho, falta de iluminação pública, poste caído, dentre diversos outros problemas.
A Tribuna de Petrópolis esteve no local, na sexta-feira (01), a convite da Associação Amigos da Fazenda Inglesa e percorreu, junto com um dos integrantes, o comerciante Joelson Seabra, as localidades do Alto da Derrubada, Vale Florido, Estrada da Vargem Grande, Morro do Gavião e Estrada do Rocio.
“Fico muito triste com a situação do bairro, estamos passando por uma fase muito difícil aqui. Temos ajuda do Poder Público em algumas coisas, mas não dá continuidade. As estradas estão se acabando. Não são críticas, mas é um pedido de ajuda que precisamos para o bairro”, disse Seabra, destacando que, muitos serviços, também só são feitos devido a mobilização entre os próprios moradores.
O bairro tem um potencial turístico, com estabelecimentos famosos instalados, além de trilhas e cachoeiras. “Temos muitas coisas boas aqui. Espero que nos ajudem”, relatou Seabra.
Alto da Derrubada
O primeiro contato com o bairro pela BR-040 já mostra a situação crítica. Os moradores reclamam da pouca sinalização viária, tanto na pista sentido Juiz de Fora, quanto no sentido Rio de Janeiro, em relação aos acessos ao bairro. Também ali, e em outras diversas partes da região, há acúmulo de entulho, inclusive com pneus, o que é perigoso em relação ao surto de dengue que vem sendo registrado no país e com uma morte já confirmada na cidade.
Além de diversos buracos e desníveis ao longo da Estrada da Fazenda Inglesa, quem passa pelo local também precisa ter cuidado com os quebra-molas. Não há sinalização que alerte sobre as lombadas.
A dona de casa Valquíria Alcântara também aponta outro problema: a falta de transporte escolar. Ela precisa descer e subir a pé com os filhos e atravessar a BR-040 para levá-los à escola. Pela idade, as crianças precisam ser levadas por um responsável e Valquíria não tem condições de arcar com os custos de sua passagem, já que a gratuidade é apenas para os alunos.
“Passa um ônibus escolar vazio, acho que não teria problemas colocar as crianças. É no mesmo horário. Estamos pedindo o ônibus escolar, porque realmente, não temos condições de pagar passagem”, explicou.
Vale Florido
Na região do Vale Florido, muito procurada por turistas, as ruas Victor Sant’anna e Heloísa Müler, conhecida como Volta do O, estão em estado precário. Os buracos e desníveis se espalham pela via, em sua maior parte, sem pavimentação. Os carros passam com dificuldade pelo local.
Morro do Gavião
O retrato de abandono se repete na Estrada dos Eucaliptos, que dá acesso a Comunidade do Morro do Gavião de carro. “Essas estradas sempre tiveram esse um monte de buraco, sempre tem lama. Se anda a pé, atola o pé na lama e o carro vive quebrando, por causa dos buracos”, relatou a moradora Silvana dos Reis, apontando que enfrenta dificuldades com entrega e corridas de carros de aplicativo.
A outra opção de acesso é a pé, chegando na BR-040. “Para subir, deve levar uns quinze minutos. É muito difícil, porque metade do caminho tem escada e a outra metade, um trilho”, disse a moradora Laís Ferreira.
Com as chuvas do início do ano, uma árvore e um poste caíram neste acesso a pé. A árvore foi retirada, mas o poste continua no local e, agora, a iluminação pública já deficiente, enfrenta mais problemas. “A senhora que mora ali precisa pular o fio para atravessar para a casa dela”, reclamou Jéssica de Melo.
Os moradores também fizeram um abaixo-assinado pedindo transporte escolar para as crianças da localidade, mas ainda não tiveram resposta. Outro problema é o acúmulo de água e cheiro de esgoto no biodigestor da região.
Também há relatos de quedas de energia elétrica, já que a fiação está coberta de vegetação no local. Os moradores ainda cobram melhorias na iluminação pública de toda a comunidade, já que a taxa é cobrada.
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Estrada da Vargem Grande
Do outro lado do rio, a Estrada da Vargem Grande dá acesso a trilhas e cachoeiras conhecidas, como o Poço Negro. Também é por ali que fica o acesso ao Vale do Amor. Além das ruas esburacadas, os moradores se preocupam com um bueiro entupido e um poste com risco de queda. Próximo a entrada da Elevatória Rio da Cidade, há relatos de cheiro de esgoto, sem contar as verdadeiras crateras, que atrapalham a locomoção.
Foto: Wellington Daniel/Tribuna de Petrópolis
Ainda na Vargem Grande, a reportagem encontrou o entregador Eduardo Ferreira trocando o pneu do carro que não aguentou as condições da via. “Achei a situação da estrada constrangedora, aqui é muito complicado de trabalhar. Paguei para trabalhar e ainda vai ficar faltando”, reclamou do prejuízo.
Estrada do Rocio
A localidade do Rocio também é bem conhecida na região e dá acesso a trilhas e cachoeiras, além do Cindacta. A pavimentação, apesar de alguns desníveis, está em condições melhores que as demais. Porém, a associação precisou tomar a frente com limpeza e pintura da via.
O que preocupa agora é um deslizamento de terra, que caiu em novembro de 2022. Apenas um ano depois, foi feita a limpeza da via. Porém, sem nenhuma contenção, há risco de novas quedas.
O que dizem os órgãos
Em relação a sinalização dos acessos, a Concer afirma que a sinalização da rodovia está em conformidade com as normas vigentes. Ainda assim, diz que o setor responsável fará uma vistoria no trecho para verificação. A concessionária diz que tem feito melhorias e investimentos constantes em sinalização na BR-040.
A Águas do Imperador informou que foi feita uma intervenção na Estrada dos Eucaliptos na sexta-feira (01), além de limpeza periódica do Biodigestor do Gavião. Em relação a Estrada da Vargem Grande, disse que uma equipe vai verificar a situação. Segundo a empresa, não existe solicitação no sistema para os locais citados.
A Enel Distribuição Rio informou que o poste que está tombado na Estrada dos Eucaliptos não pertence à distribuidora. Com relação ao poste localizado na Estrada da Vargem Grande, a empresa disse que enviará um técnico ao local para fazer a avaliação.
A Prefeitura de Petrópolis não respondeu aos contatos da reportagem.