A visita de Donald Trump ao Papa
Nesta quarta-feira, 24 de maio, o presidente Donald Trump será recebido pelo Papa Francisco no Vaticano, no marco da primeira viagem do mandatário ao exterior. Trump estará na Europa por motivo da reunião do G7 na Itália e também visitará Bruxelas, onde está a sede da União Europeia. Logo, irá ao Oriente Médio para uma visita a Israel e à Arábia Saudita. Esta será a primeira vez que Trump e o Papa Francisco estarão frente a frente, depois de já terem trocado críticas durante a campanha presidencial do magnata à Casa Branca. No marco da viagem do Pontífice ao México, em fevereiro de 2016, o Santo Padre criticou Trump durante a coletiva de imprensa com jornalistas no voo papal. Ao responder uma pergunta sobre a política de imigração proposta pelo então candidato, que incluía a meta de construir um muro ao longo da fronteira entre os EUA e o México, Francisco afirmou que “uma pessoa que pensa somente em levantar muros, seja onde for, e não a fazer pontes, não é cristã”. Mas disse também que dava “o benefício da dúvida” a Trump. Na época, ainda atrás de Hillary Clinton nas pesquisas, o candidato republicano disse que se o Papa tinha boas coisas a dizer, ele gostava do Papa e se o Papa não dizia coisas boas, então não gostava do Papa. E criticou Francisco e sua posição de abrir as fronteiras a imigrantes e refugiados provenientes de países do Oriente Médio afirmando que se o Vaticano estivesse sob ataque de radicais islâmicos, infiltrados na Europa como refugiados, o Papa desejaria que Trump fosse presidente. Nos Estados Unidos, Donald Trump tem recebido críticas dos líderes da Igreja Católica pelas posturas contrárias ao favorecimento da imigração e elogios pelos seus esforços por promover a liberdade religiosa e reduzir o apoio do governo ao aborto. Mas, a imigração não é o único ponto divergente entre os dois líderes. A defesa do meio ambiente, em concreto, a compreensão do fenômeno da mudança climática é outro muro entre ambos. Para o Papa Francisco, que dedicou uma encíclica ao tema denunciando as mudanças climáticas, a evidência científica da participação do homem nas mesmas e nos seus impactos globais é suficiente. Trump, por sua parte, acredita que o aquecimento global, ou a participação do homem nas mudanças climáticas, é uma farsa criada pela China e considera a possibilidade de que os Estados Unidos se retirem do acordo climático de Paris, aprovado por mais de 100 países em dezembro de 2015. Um oficial do Vaticano chegou a pedir que Trump reconsiderasse suas posturas frente à mudança climática, mas não houve resposta da parte do presidente. Vale recordar que o Papa Francisco é conhecido no cenário internacional pelas suas críticas ao modelo norte-americano de economia de mercado. Portanto, não seria difícil prever que estes grandes temas estarão presentes no diálogo entre os dois. Para o restante do mundo, o que importa é que este encontro, amigável ou não, venha a favorecer o avanço da paz diante de um complicado cenário internacional onde conflitos envolvendo os Estados Unidos são ameaças cada vez mais iminentes.