• A velha (e ruinosa) política nacional e a nova

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  • 26/03/2022 10:42
    Por Gastão Reis

    O festival da velha (e ruinosa) política nacional continua a todo vapor. A própria Folha de SP, em 23/03/2022, em um de seus editoriais, nos informa que “Lula reabilita teses que levaram à catástrofe a gestão petista”. É a técnica de cavar mais fundo no mesmo buraco condenada por Edward de Bono, autor renomado de “O Pensamento Lateral”. Trata-se de “um método para resolver problemas estabelecendo conexões inusuais ou inesperadas entre ideias”. Coisa que foge ao interesse de Lula e do PT. A Folha, no mesmo editorial, ainda lista, em dólares, alguns dos prejuízos bilionários da era petista.

    Além da repetição da marcha da insensatez acima, fomos surpreendidos com a condenação do procurador da extinta Lava-Jato, Deltan Dallagnol, pela 4ª Turma do STJ – Superior Tribunal de Justiça, por 4 votos a 1, a pagar a Lula da Silva uma indenização por danos morais de 75 mil reais. Quanto aos prejuízos causados ao bolso do cidadão brasileiro, até agora, nada foi cobrado ao senhor Lula e ao PT pela justiça. Lula e patota devem estar dando um sorrisinho debochado em relação ao comprovado pelo mensalão e pelo petrolão.

    Eu poderia continuar a enumerar as mazelas políticas nacionais, que são muitas e desavergonhadas. Mas situações tão desagregadoras como as atuais sempre abrem as portas para mudanças benignas. Quem teve a oportunidade de tomar conhecimento da humilhação que as potências ocidentais impingiram à China em meados do século XIX, e vivesse naquela época, pensaria que a China estava acabada para sempre. E ela se recuperou. Não vai aqui nenhum entusiasmo desmedido pelas práticas políticas chinesas atuais. Apenas para nos relembrar de que a esperança não pode morrer.

    E foi assim que tive a oportunidade de dar uma escovada em minha esperança de viver num Brasil em que um novo tipo de política passasse a fazer parte de nosso cotidiano. Fui convidado para o evento de pré-lançamento da candidatura de Paulo Ganime, do Novo, a governador do nosso estado, no sábado passado, 19/03/2022, no Rio de Janeiro. Ouvir as propostas de um candidato alinhadas às realizações de um governador como Romeu Zema, de Minas Gerais, foi gratificante. Zema foi capaz de pôr em prática um plano de governo ousado e inovador. Mesmo que pertencesse a outro partido, ainda assim, mereceria a atenção da audiência por encarnar um novo tipo de atuação política muito diferente daquela que nos é (mal) servida no dia a dia.

    Mas vejamos como era o comportamento do empresário Romeu Zema de Minas Gerais antes de se candidatar. Em família, nas refeições, não se falava em política, considerada atividade suspeita para não dizer criminosa. Quando resolveu se candidatar, a família pensou que havia enlouquecido. Na verdade, esse clima familiar sombrio em relação à política refletia os resultados da pesquisa do Datafolha, de 25/09/2021, que nos fornece números sobre a confiança da população nos poderes e nas instituições. Se somarmos o “não confia” com o “desconfia muito” (outra maneira de dizer que “confia um pouco”), concluímos que cerca de 85% dos brasileiros têm imensa desconfiança na presidência da república, no STF, no congresso, nos partidos políticos, no Judiciário, no Ministério Público, na imprensa e nas grandes empresas. Quadro de falência político-institucional.

    Inicialmente, como candidato, Zema não passava de um azarão. Os partidos tradicionais o olhavam de salto alto. Não saberia o que era a política. De fato, não conhecia aquele tipo de política que o Brasil inteiro repudia. Eleito, não recebe salário, nem mora no Palácio da Liberdade. Não conhecia nenhum de seus secretários, selecionados por uma firma de headhunters, que lhe indicou os melhores para cada área, e que passaram por seu crivo final. Seu compromisso era montar uma equipe profissional comprometida em bem servir à população de Minas.

    Mas não foi só isso. No final da década de 2010, quando se candidatou, Zema se deu conta de que o país havia se tornado uma espécie de colecionador de décadas perdidas, revelado pelo fato de que a política havia virado um instrumento sem compromisso com o bem-estar da população e que travava a própria atividade empresarial. Valores e princípios foram substituídos por conveniências de grupelhos políticos focados no próprio umbigo.

    Ao tomar posse como governador, teve a oportunidade de conhecer as entranhas do setor público mineiro. Atraso de três meses no pagamento do funcionalismo. Reuniu-se com cerca de 800 prefeitos que não recebiam os repasses que lhes eram devidos pelo estado por lei. Surpreendeu-se com o nível de desperdício reinante. Reduziu mais de 50 mil cargos na máquina pública, verdadeira fábrica de cabides de emprego. Renegociou um contrato do estado de R$ 100 milhões anuais para um valor de apenas 3 milhões para fazer a mesmíssima coisa! Atraiu investimentos para o estado de R$ 209 bilhões até fins de 2021 contra apenas 26 bilhões de seu antecessor em seus 4 anos de mandato. Em suma, pôs a casa a em ordem.

    O histórico de Paulo Gamine como deputado federal foi no mesmo espírito que presidiu a atuação de Zema. Recusou privilégios como auxílio moradia e apartamento funcional. Podendo ter até 25 assessores, vem trabalhando com apenas 12, uma equipe de alto desempenho que respeita o dinheiro público. Empenhou-se na defesa da Lei do Gás e foi coautor do Marco Legal das Startups e da Lei do Governo Digital. Economizou mais de R$ 4,6 milhões desde o início de seu mandato, tendo feito prestação de contas regulares.

    Em sua incisiva fala final, Paulo Ganime afirmou: “Quero usar Zema como referência no meu futuro governo”. A situação das finanças do estado do Rio de Janeiro é gravíssima. Para ele, as drogas e o tráfico têm por trás as milícias, problema que exige combate sem tréguas. Confesso que saí do evento com esperança renovada num novo tipo de política comprometida com os interesses e necessidade da população fluminense. Zema e Ganime eram empresários bem sucedidos, mas não se acomodaram. Resolveram comprar a briga a favor do Brasil.

    (*) Vídeo do autor, “A voz e a vez do povo”, complementar ao artigo. Pode ser assistida clicando no link: https://www.youtube.com/watch?=WKODzv2iX1g Ou digitando no Google: Dois Minutos com Gastão Reis “A voz e a vez do povo”.

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