• A quem interessar possa

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  • 30/12/2016 12:00

    Quem ainda se lembra da feitura de uma declaração com o cabeçalho acima? Parece que a maioria nem conheceu, mesmo que consideremos ser um texto antigo mas tradicional – tão antiquado quanto a redação de qualquer texto emitido em cartório, tão frequente nos meios jurídicos. Será que não se usa mais tal estilo de declaração, por ter saído de moda ou por as pessoas ignorarem tal modelo tradicional?

    A declaração era protocolar:  No cabeçalho a eterna frase – “A quem interessar possa” e, em seguida o texto: “Declaro, para os devidos fins, que o sr. Fulano de Tal, portador da carteira….” – Convenhamos, muito mais elegante que um simples texto sem estética. Dizem que tal fato é em função dum progresso equivocado ou seria em função dum “regresso” cultural?

    Poucas, muito poucas – nesse deserto de pessoas – sabem redigir um texto compreensível e, pior ainda, poucos têm condições de entender o que lêem. Afinal, o que se ensina nos colégios e nas faculdades para deixar uma grande maioria em estado mental tão precário?

    No mês passado fui à formatura dos universitários da UFRJ, na cadeira de Comunicação e fiquei estarrecido com o linguajar da aluna representante da turma que, entre dez palavras se saia com uma pornográfica (palavrões cabeludos), já que as pessoas de hoje não têm noção para fazer distinção entre gíria, pornografia e vernáculo. E isto numa faculdade que ministra um curso de  “Comunicação” – fazer o que?

    Depois, a formanda encarregada de convocar os colegas para receberem os diplomas, antes de citar os nomes, foi descrevendo particularidades de cada um, numa referência triste, vulgar e deprimente, numa bajulação inconsistente e negativa, como: “a que é chegada a uma cachaça”, “o mais sensual”, “a mais assanhada da turma” e por aí foi. Independente da alegria eufórica do momento, em alguns pontos se excederam – mas estes são os profissionais do futuro. Pelo menos um se salvou, como “o que lê todo o jornal todos os dias, que já escreve matéria para a imprensa e com grande futuro” –  detalhe confirmado pela paraninfa, a professora e jornalista Cristina do Rego Monteiro que, em seu pronunciamento destacou detalhes muito importantes da Sabedoria Tolteca (antes da civilização Asteca): 1 – Ser impecável com a palavra. 2 – Não levar nada para o lado pessoal; 3 – Nunca fazer suposições; 4 – Sempre fazer o máximo que puder. E complementou: “palavras que vêm dos séculos 10 ou 12 que comprovam o valor da verdadeira sabedoria – um aplicativo que não se corrompe, não congela e não fica desatualizado”. jrobertogullino@gmail. com

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