• ‘A polarização favorece os extremistas’, afirma João Doria

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  • 10/03/2021 09:00
    Por Pedro Venceslau / Estadão

    Apontado como um dos presidenciáveis do PSDB – o outro é o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite -, o governador de São Paulo, João Doria, disse que, caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se mantenha elegível e confirme a disposição de disputar o Palácio do Planalto em 2022, o cenário eleitoral vai mudar, mas as forças de centro não serão engolidas se “tiverem juízo”.

    Doria não descarta até mesmo a possibilidade de o PSDB apoiar um outro nome na sucessão presidencial do ano que vem. “Nada deve ser excluído. Uma aliança pelo Brasil não pode estabelecer prerrogativas de nomes”, afirmou o governador em entrevista ao Estadão.

    Como a decisão do ministro do Supremo Edson Fachin que devolveu os direitos políticos ao ex-presidente Lula afeta o campo político do centro?

    Primeiro, é preciso saber se o ex-presidente Lula será candidato. A medida do Supremo traz um impacto muito grande no mundo da política, mas é preciso saber se o ex-presidente Lula tem disposição. Se ele confirmar que será candidato em 2022, então, o cenário político para a sucessão presidencial muda.

    Muda como?

    Estabelece desde já a polarização extremista entre (Jair) Bolsonaro e Lula, que é o que mais deseja o atual presidente.

    A polarização também interessa a Lula?

    Ao Lula resta saber. Ao Bolsonaro eu tenho certeza. Tem de perguntar para ele.

    Com Lula no tabuleiro eleitoral, as forças de centro precisam acelerar o processo de escolha de um nome?

    A polarização favorece os extremistas que destroem o País. Já destruíram uma vez e estão completando o serviço com Bolsonaro. Portanto, vejo como um impacto positivo para o centro democrático estar unido na defesa de um programa de governo que salve o Brasil dos extremistas.

    Por que considera que o impacto seja positivo?

    É preciso ver se os russos vão jogar a partida. Está todo mundo supondo. Caso o ex-presidente Lula tome a decisão de ser candidato, se configura uma conflagração para a eleição de 2022 de alto risco para o Brasil. O extremismo não traz uma solução conciliadora diante da pandemia e da gravidade dos efeitos na economia.

    Teme que o centro seja engolido por essa polarização?

    Se tiver juízo, não.

    E o que significa ter juízo?

    Capacidade de dialogar, formular um programa econômico e social para o Brasil e escolher um candidato que seja competitivo para disputar a eleição e, ao vencer, governe a Nação. Não basta a análise de popularidade, que é parte do processo. É preciso conciliar popularidade com capacidade. De nada vai adiantar ter um popular na Presidência da República que seja incapaz.

    O antipetismo e o antibolsonarismo são duas forças que ainda dominam a política brasileira?

    Não vou dizer que dominam, mas são latentes.

    Qual é o momento de escolher o nome que vai encabeçar essa frente de centro?

    No limite, até outubro deste ano. Caso contrário não haveria tempo de trabalhar esse nome nacionalmente.

    O PSDB pode apoiar o candidato de outro partido?

    Nada deve ser excluído. Uma aliança pelo Brasil não pode estabelecer prerrogativas de nomes.

    Como o senhor avalia o impacto político das medidas restritivas causadas pela pandemia nas eleições de 2022?

    Não há dúvida de que a pandemia vai impactar na decisão eleitoral. É a pior tragédia da história do Brasil nos últimos 100 anos. Em breve, vamos alcançar o número de 300 mil mortos. Não há tragédia mais triste do que 300 mil vidas perdidas.

    O PSDB marcou para outubro as prévias para definir quem será o candidato do partido ao Palácio do Planalto…

    Sou amplamente favorável às prévias. Elas fortalecem, somam e constroem candidaturas fortes para a disputa eleitoral. Aliás, sou filho das prévias. As duas únicas prévias feitas até hoje no Brasil foram feitas pelo PSDB em São Paulo, em 2016 e em 2018. Disputei e venci as duas.

    Em 2014 e 2018, o PSDB reuniu um arco de partidos para disputar o Palácio do Planalto. Acredita que em 2022 esses partidos estarão reunidos em torno de uma candidatura de centro ou apoiarão Bolsonaro?

    É possível, embora o ideal seja a conciliação. O fracionamento só atenderá ao interesse dos extremos.

    O antipetismo ainda tem a mesma força que teve em 2018, ou o PT com Lula pode aglutinar as forças de oposição a Bolsonaro?

    O governo Bolsonaro, em dois anos, provou a sua incompetência e fez da sua gestão um mar de fracassos e uma usina de mortes. Já provou, portanto, a sua incapacidade.

    Como avaliou a decisão do ministro Edson Fachin?

    O Brasil é muito maior que Lula e Bolsonaro.

    PSDB terá prévias em outubro para escolher candidato

    O PSDB marcou para o dia 17 de outubro as prévias para a escolha de seu candidato à Presidência da República na eleição de 2022. A decisão foi publicada em resolução assinada pelo presidente nacional do partido, Bruno Araújo, ontem. Até o momento, dois nomes da sigla se apresentaram: os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. A inscrição formal dos postulantes será em agosto.

    “Chegou a hora de o partido ter vitalidade interna com o olhar permanente no diálogo com os demais protagonistas do centro”, disse Araújo ao Estadão. Questionado sobre a eleição interna, Doria afirmou ser “amplamente” favorável ao mecanismo. “Sou filho das prévias. Disputei duas vezes e venci ambas”, declarou o tucano. Procurado para comentar o assunto, Eduardo Leite não se manifestou até a conclusão desta edição.

    De acordo com a resolução, o calendário das prévias tucanas terá início no dia 30 de abril, data-limite para a constituição da Comissão Partidária para Prévias. As regras deverão ser aprovadas pela Executiva Nacional do partido até 15 de junho.

    O período entre os dias 1º e 10 de agosto será destinado à inscrição dos pré-candidatos, que poderão iniciar propaganda intrapartidária a partir do dia 1º de setembro.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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