
A poeta e o tempo
Certamente lastreado em curiosidade e na boa leitura, acabei de ler o novo livro que vem a lume de autoria da escritora, poeta e acadêmica Christiane Magno Michelin. Fundamentado, pude perceber em sentimentos, os mais nobres bens próprios dos poetas – “O Levante do Sol”.
A tal propósito, chamou de plano a minha atenção, o amor, o carinho, a saudade, a esperança e o reviver, partícipes dos tocantes versos de autoria da ilustre figura, filha dileta do também poeta, escritor e professor Fernando Augusto Magno, de boa memória.
Aliás, a tal propósito, é bom que se recorde o sempre lembrado professor e poeta Roberto Francisco, quando escreveu: “quem puxa aos seus não degenera”. E ainda, “O filho(a) no rumo vai, o mesmo em que o pai andava”.
O passado, período “machucado” para a autora em face da perda do pai querido, trajeto conturbado, mas sempre presente o fito de vê-lo superado.
Entretanto, indago a mim mesmo: quem sou eu para traçar considerações a propósito dessa belíssima obra?
Não sou poeta, todavia filho de um notável poeta e trovador.
E, por isso mesmo, o meu coração soube captar emocionadas palavras, das muitas que integram os mais diferentes versos – e que versos plenos de momentos de boas recordações!
Noutros ensejos, lembranças que não se apagavam: “… um rosário de perdas a todos nós”, enfatiza a autora.
Entretanto, a autora nessa bela e sensível obra, certamente com o coração tocado, demonstra superação no concernente a passagem do inesquecível pai, aliada a um sentimento de saudade que nunca se apagará.
Da leitura, conclui-se que a incredulidade pouco a pouco vai se esvaindo, e a fé superando todos os sentimentos negativos que lhes faziam doer a alma.
Por isso mesmo, com novos ânimos advindos do Criador, escreve em “Levante do sol:
“… Singrar o mar da vida
requer coragem
É preciso roupagem resistente à dor
e couraça pra resistir o tormento
para que o lamento
vá
sem rebote
e seja possível seguir adiante”.
Ainda, “No Levante do Sol”.
Em homenagem ao pai, nunca olvidado, deixou patente, in “Quarto minguante”:
“Será o que sempre foi
farol leme e lume
a navegar pelos mares do Eterno
a nos guiar através do Amor”.
À querida e sempre presente mãe, dedicou “in Lua cheia”:
“… Saber reinventar-se é feminina sabedoria
de quem gera vida
enfrenta tormentas
e mantém-se de pé por sua prole”.
Christiane, poeta de escola, conseguiu alcançar o seu intento, seguindo em frente com “O Levante do Sol”.
Contudo, não poderia deixar de rememorar o que escreveu o amado pai, sob o título “Christiane”, na obra “O Dia do Canto Imaginado”:
“Das mãos do tempo recolho a flor que te ofereço
impregnada de transparências
rosa
invejável ser atiçado de cores
intensamente luminosa
como as luzes que se abrem de teu olhar
viva
como a melodia que flui de teus pés dançarinos
brandamente doce
como aquela sonatina prolongando a tarde, de que nos fala Drummond.”
Certamente, novas obras ainda virão!!!