A penitência em nossa vida I
Amigos, nos deveríamos propor, a cada tempo, a nos penitenciarmos diante de nós mesmos e dos que frequentam o nosso viver constante, não é verdade?
Irmãos, nos deveríamos ater em observações esmeradas diante das falcatruas de nossos Espíritos, diante dos malefícios e das inverdades produzidas e dilatadas a cada momento do viver, porém nós, como almas ainda sem o poder total de percepção altruísta e dilatada, incorremos nos erros e nas abstrações que nos distorcem a visão e evitam que penetremos no âmago dos relacionamentos e das obtenções diárias.
Facultarmos a nós mesmos um burilamento diário será atravessarmos ermos campos íntimos em busca da fonte salutar a nos abastecer a sede de crescimento e evolução. Entretanto, nossa observação ainda pueril e distendida somente a pretensões imediatistas e provincianas, se ainda podemos nos referir às nossas limitações, nos faz falsear em observações e opiniões, trazendo-nos imagens incorretas no percurso vivencial.
Naturalmente, preconizamos percepção, sabedoria, elevação, conhecimento e firmeza íntima, mas enfocando uma visão mais profunda e nos permitindo rever e abrir os véus que se adensam à nossa frente, iremos constatar o quanto ainda somos principiantes na lida vivencial e na pouca prática dos discursos sentimentais, humanos e sensoriais.
Tudo isto nos faz crer que não nos penitenciamos diante de nada, a não ser um confronto que dificilmente fugirá de nosso âmbito vivencial, que será o enredo cármico programado e que nos traz a reencarnações atuais.
Percebem o quanto nos refugiamos nas falhas e em nossa incursão errônea de uma visão declaradamente inócua de nós próprios e de outros irmãos?
Percebem do quanto precisamos reciclar-nos e nos dispor a ver realmente a vida presente, trazendo o ato da penitência como uma maneira de nos reformarmos?
Percebem agora o significado da penitência que vem sendo dilatada há tempos e que incorremos no erro de acharmos que o ato de nos eximirmos de erros e falhas só se conjugará se nos situarmos à frente de um confessionário e relatarmos as insipiências e incorreções de nossas almas a alguém que julgamos intermediário aberto?
Percebem que não adiantará em nada uma posição de reverenciamento e abertura íntima a alguém somente a depormos a outrem as intrusões negativas como se, com isto, tudo estivesse resolvido?
Percebem que o ato de penitência precisa ser diretamente relacionado com as estruturas que defasamos, que defloramos ou dissolvemos, e que somente indo diretamente ao ponto em chagas é que a nossa penitência será mais bem apreciada pelo nosso Pai?
Sim, precisamos perceber, estar alertas em como nos devemos penitenciar no tráfego constante de nosso viver, para que o remédio lançado no confessionário não se dilua ou não permaneça à distância dos enfermos e de nós próprios.
As chagas, abertas por proceder irreverente e desabastecido, permanecerão dentro de nós, até o instante em que nossa própria consciência puder ter a coragem de despertar, de tomar a iniciativa de retratamentos.
O ato da penitência nos exige muito mais desprendimento, muito mais ardor e correção do que apenas nos arquearmos ingloriamente a tentar nos livrar da culpabilidade de ações, apenas isto meus irmãos. Dirão, talvez, que se torna difícil desfazermos malquerenças e posicionamentos íntimos por não termos certeza da recepção que sofreremos por parte de irmãos chagados, não é verdade?
Mas, se estamos mesmo convictos de que precisamos ressarcir-nos diante de alguém, não importa que não nos acolham com esmero, mas que a nossa intenção seja real e sincera, pois, mesmo que nos sintamos desprezados, haverá algum tempo em que a nossa atitude de pronta remissão será aceita e entendida, pois as almas amadurecem com o decorrer dos processos cármicos e irão ponderar e reter as ponderações, aprisionando situações sinceras e desprendidas.
Continuamos esta apreciação, irmãos, na próxima semana.