• A origem das crises

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  • 03/10/2016 09:00

    Há uma enorme confusão e desconhecimento sobre a questão das crises e, especialmente, sobre as crises econômicas. Por isso, de nada adiantam os esforços no sentido de explicar as crises através de causas que não possuem e a avassaladora manipulação midiática que o capital desenvolve cotidianamente para dar uma aparência de normalidade à conjuntura.

    Cabe sim, precisar melhor essa questão e estabelecer um estatuto técnico às crises do capitalismo, buscando avançar em relação a alguns fundamentos não observados pelos autores liberais de forma a identificar melhor a natureza do fenômeno, bem como suas implicações econômicas, políticas e sociais.

    As crises são fenômenos inerentes ao sistema capitalista, oriundas da contradição central entre o caráter social, coletivo, da produção e a apropriação privada de seus resultados e ocorrem com periodicidade regular desde os primórdios desse modo de produção. As crises não têm uma única origem, mas resultam das contradições gerais do sistema: não têm origem no subconsumo, não é crise de desproporção entre os diversos setores de produção, não é crise em função da queda da taxa de lucro, da impossibilidade dos fundos públicos remunerarem o capital como antes, da especulação financeira ou de qualquer outro fator isoladamente. A crise é a fusão das contradições que se acumulam ao longo do ciclo, a soma de vários fatores em conjunto, muito embora possam se expressar mais acentuadamente em uma ou outra variável específica.

    Desde Adam Smith que se busca uma explicação para as crises cíclicas do capitalismo, passando por Ricardo, Malthus, Sismondi e Marshall. Posteriormente, com o desenvolvimento do capitalismo, outros autores desenvolveram novas abordagens da crise, como os ciclos ou as ondas largas de Kondratiev, Schumpeter, entre outros. Eles buscaram, de alguma forma, com as ferramentas de sua época, identificar e compreender o fenômeno das crises. Estado estacionário em Smith, renda decrescente da terra em Ricardo, subconsumo das massas em Malthus e Sismondi, os ciclos largos em Kondratiev, as destruições criadoras em Schumpeter… Todos eles tentaram explicar a natureza e o desenvolvimento das crises do capital.

    Todavia, após variações infindáveis sobre um mesmo tema, fórmulas complexas e mirabolantes e para desgosto do pensamento liberal, foi Marx quem definiu de maneira mais precisa os fundamentos teóricos das crises capitalistas, ao deslocar a análise da órbita da circulação para a esfera da produção e defini-la como síntese de todas as contradições do capitalismo. Foi uma pá de cal nos exercícios teóricos e rebuscados dos economistas burgueses que sempre procuraram ocultar a verdadeira natureza do problema e justificar o capitalismo, negando-se a admitir que as crises nascem do capitalismo, que se nutre delas e por causa delas tende a desaparecer. E Marx até hoje não foi perdoado por isso.

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