A oração com fé fervorosa
A carta de Tiago, escrita entre os anos 45 d.c e 62 d.c, por quem S.Paulo identifica como “irmão do Senhor e um dos pilares da Igreja” (cf. Gl. 1.19 e 2.9) e que segundo os pesquisadores mais fundamentados era efetivamente um dos irmãos de Jesus, se esmera em destacar quais os comportamentos que se deve esperar de um verdadeiro cristão como buscar a sabedoria de Deus, orar fervorosamente, se conformar com a situação socioeconômica, suportar provações perseverando na fé, não acusar Deus de ser responsável por tentações, saber que Deus é imutável, controlar o gênio, a impulsividade e a agressividade, viver o cristianismo na fé e em ações diárias que demonstrem essa fé, controlar a língua, não prejulgando e, em resumo, praticar a verdadeira religião cristã, sem mácula visitando os órfãos, as viúvas e os necessitados em suas necessidades.
Dentre todas essas recomendações gostaríamos de destacar neste ano em que lembramos os 500 anos do movimento da reforma, o que Martin Lutero escreveu quando comentou sobre o que seria uma Oração Fervorosa, conforme consta no volume 2, página 129 de suas Obras Selecionadas. Eis o que nos escreve ML: “Sem dúvida, todas as igrejas e mosteiros agora estão cheios de oração e canto; mas como acontece que disso resulte pouca melhora e proveito, ficando o mundo cada vez pior? A causa não é nenhuma outra senão a que Tiago aponta dizendo: ”Vocês pedem muito, e nada recebem, porque não pedem corretamente”(Tg 4.3). Uma pessoa que ora corretamente jamais duvida que sua oração com certeza é agradável e será atendida, ainda que não lhe seja dado exatamente aquilo que pede. Pois na oração deve-se apresentar a Deus a dificuldade, mas não prescrever-lhe medida, maneira, alvo ou lugar. Devemos isto sim, deixar em suas mãos o querer dar coisa melhor ou diferente daquela por nos pretendida. É que muitas vezes nem sabemos o que pedimos, como diz S.Paulo (Rm 8.26), e Deus atua e concede de uma forma mais elevada do que entendemos (Ef 3.20).Portanto, no que tange a oração, não deve haver qualquer dúvida de que ela seja agradável e atendida, mas deve-se deixar à vontade de Deus o tempo, lugar, medida e alvo; Ele fará o bem como deve ser“.
Não tem sido essa a prática das orações que observamos hoje por muitos dos que se declaram cristãos. Pede-se auxílio de Deus, dizendo-lhe o que ele deve fazer e chegamos ao cúmulo de oferecer-lhe ofertas em dinheiro, penitências e promessas de realizar sacrifícios físicos para Ele, caso ele nos obedeça e faça a nossa vontade. Tornamos Deus nosso serviçal, como se ele fosse um Aladim da Lâmpada que tem mágicos poderes para atender nossos pedidos do nosso jeito. Tratamos Deus em nossas orações como um ser inferior, incapaz de ter onisciência e que depende dos míseros seres humanos para lhe dizer o que deve fazer para o nosso bem.
Você confiaria em um deus assim, incapaz de saber o que fazer? Um tutelado dos humanos, um ser semicapaz? Não se engane, de Deus não se zomba, brinca ou trata de forma irreverente. Se você confia na sua existência ore e entregue a Ele a sua dificuldade, a qual Ele conhece mesmo que você não lhe conte, e aguarde. Ele saberá te responder da forma mais conveniente.
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Cultos todos os domingos às 9h. Tel. 24.2242-1703