A notícia, a opinião e a verdade
Hoje o jornalismo sofre com a agressiva interferência de pessoas que não têm nenhuma capacidade para atuar como profissional da informação.
Sobre a sociedade, é lançada uma avalanche de falsas notícias por meio de redes sociais. Isso acarreta sérios problemas por causa dos boatos que deixam uma cortina de fumaça sobre a verdade.
Quando o jornalismo passou a ser levado a sério, criou-se o curso universitário com o objetivo de estruturar a formação profissional diante da importância da comunicação social. É preciso ter critérios para veicular uma notícia, é preciso sondar a veracidade das fontes e a informação deve ser passada sem manipulações. Louvo os profissionais que estudam, que se dedicam, que trabalham para manter a sociedade informada, possibilitando assim uma análise crítica da realidade.
É certo que os fatos geralmente são vistos pela ótica ideológica dos gestores dos veículos de comunicação, principalmente para atender a interesses econômicos e/ou políticos. Mas o problema maior está no boato que ocupa o lugar da notícia. E, sem checar as fontes, muitas pessoas emitem opiniões precipitadas, sem embasamentos.
A liberdade de expressão é um direito universal, porque reflete o posicionamento do cidadão no ambiente em que vive. Contudo, esse direito precisa ser exercido com responsabilidade. As lesões de uma falsa notícia podem ser irreversíveis.
A telefonia móvel possibilitou a instantaneidade da informação. Hoje, com um celular na mão, muitos se sentem repórteres, jornalistas, simplesmente guiados pelo achismo. Por essa leviandade, cresce o que se denominou de pós-verdade. Sobredouraram a mentira para brilhar como verdade. E assim, atendem a interesses escusos. As versões ganharam mais importância do que os fatos.
A Joseph Goebbels, ministro responsável pela propaganda na Alemanha Nazista, é atribuída a frase de que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Só que uma mentira repetida milhares de vezes continuará sendo mentira, apenas vai ludibriar um número maior de pessoas.
Este texto é fruto de um cansaço de notícias tóxicas disseminadas pelas redes sociais que em nada contribuem no combate à pandemia que já tirou a vida milhares de pessoas nos quatro cantos do mundo. Sãos “áudios” da direita, da esquerda, do meio, de todos os lados, sem fundamentos que alcançam o grau da surrealidade. O desserviço das chamadas fake news é muito grande, dificulta o trabalho dos profissionais da saúde, uma vez que propagam informações sem nenhum embasamento científico. Há ainda os que se rotulam de influenciadores e passam a sofismar, baseados apenas nas conveniências pessoais.
A notícia sem fundamento é nociva à sociedade. Renato Russo na canção “Quase sem querer”, afirmara: “mentir para si mesmo é sempre a pior mentira”. Isso se agrava quando se pretende levar os outros pelo mesmo engano, para permanecer em uma zona de conforto, sem questionamento, pois a verdade é inquietante, uma vez que toca a consciência e age como espelho refletindo a realidade. Um dos méritos de sempre trilhar pelo caminho da sinceridade está em poder andar de cabeça erguida. Olhar para as pessoas sem nada temer.
O viver na mentira pode revelar um desvio de caráter, tendo em vista o padrão ético estabelecido pela sociedade. O falar a verdade deveria ser uma prática comum, mas tornou-se exceção. É preciso ser honesto consigo e com os outros. Com os avanços da tecnologia, até o charlatanismo aprimorou-se. “Não é o que entra pela boca que torna alguém impuro, mas o que sai da boca, isso é que o torna impuro” (Mt.15,11).