• A ética dos sinais

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  • 11/12/2017 11:00

    Quando falamos em ética, atitude tão esquecida nos últimos tempos, nos lembramos dos conselhos e comentários de Confúcio, considerado o pai da ética. Confúcio foi um pensador e filósofo chinês, cuja ideologia de organização da sociedade procurava recuperar os valores antigos, perdidos pelos homens de sua época. A sua teoria baseava-se num critério onde a prática do comportamento ritual daria uma possibilidade real aos praticantes de sua doutrina de viverem em harmonia. Confúcio não pregava a aceitação plena de um papel definido para os elementos da sociedade, mas sim que cada um cumprisse com seu dever de forma correta. Já o condicionamento dos hábitos serviria para temperar os espíritos e evitar os excessos. Logo, a sua doutrina apregoava a criação de uma sociedade capaz, culturalmente instruída e disposta ao bem-estar comum. A nossa mãe Terra tem emitido constantemente sinais denunciando a falta de comportamento ético dos humanos. A ética para a sustentabilidade propõe a necessária reconciliação entre a razão e a moral, de maneira que os seres humanos alcancem um novo estágio de consciência, autonomia e controle sobre seus modos de vida, tornando-se responsáveis por seus atos perante si mesmos, perante os demais e perante a natureza em relação ao justo e ao bom. A construção de sociedades sustentáveis implica sua transformação em uma civilização baseada no aproveitamento de fontes de energia renováveis, economicamente eficientes e ambientalmente amigáveis, como a energia solar. O WWI-Worldwatch Institute, sediado em Washington, destaca-se na promoção de uma sociedade ambientalmente sustentável, onde as necessidades humanas sejam atendidas sem ameaças à saúde da natureza. Busca atingir seus objetivos através de pesquisas interdisciplinares e apolíticas, montando cenários sobre as emergentes questões globais. O WWI Brasil (Worldwatch Institute Brasil) publica em língua portuguesa os relatórios internacionais do instituto desde 1997. Um relatório do Instituto Worldwatch que mede os "sinais vitais" do planeta Terra chegou à conclusão de que, das 44 tendências avaliadas, 28 estão "notoriamente ruins" e apenas seis estão positivas. A análise leva em conta dados como o consumo de carne, que está aumentando, e o crescimento econômico, e os relaciona ao problema mais amplo das mudanças no clima. Há muitas tendências para a mudança do clima, seja a produção de grãos, que é afetada pelas secas e pelas enchentes, ou a produção de carne, já que a criação de gado responde por 20% das emissões de gases-estufa. O uso crescente da energia eólica foi uma das poucas tendências classificadas como positiva. Entre os dados ressaltados pelo relatório estão: a produção de carne atingiu o recorde de 276 milhões de toneladas (43 kg por pessoa) em 2006; o aumento no consumo de peixes e frutos do mar faz com que muitas espécies de peixe tornem-se mais raras. Em 2004, as pessoas comeram 156 milhões de toneladas de peixes e frutos do mar, o triplo do consumo em 1950; as emissões de carbono nos Estados Unidos continuam a subir, mas o aumento mais drástico está acontecendo na Ásia, principalmente na China e na Índia. Como escreveu Confúcio: “Se o povo for conduzido apenas por meio de leis e decretos impessoais e se forem trazidos à ordem apenas por meio de punições, ele apenas procurará evitar a dor das punições, evitando a transgressão por medo da dor. Mas se ele for conduzido pela virtude e trazido à ordem pelo exemplo e pelos ritos em comum, ele terá o sentimento de pertencer a uma coletividade e o sentimento de vergonha quando agir contrário a ela e, assim, bem se comportará de livre e espontânea vontade”.

    achugueney@gmail.com

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