A decomposição e seus sintomas
Os recentes episódios envolvendo a Câmara Municipal são uma prova eloquente de falência da velha política e de crise da institucionalidade burguesa.
Incapazes de apresentar soluções para as mazelas sistêmicas da sociedade capitalista, nossos agentes públicos limitam-se a navegar na superfície das questões, a se permitir instrumentalizar por governos corruptos e praticar aquilo que Lênin chamava “cretinismo parlamentar”, isto é, desmancham-se em boas intenções sem nenhuma atitude concreta na superação dos problemas que julgam enfrentar. Nas horas vagas, estes políticos profissionais mais preocupados em renovar seus mandatos, não titubeiam em integrar esquemas onde possam levar algum tipo de vantagem, independente de estarem lesando os interesses da população.
Essa é a prática da velha política, tão velha como os métodos que se utiliza para sua reprodução e que só encontra paralelo nas manifestações de decomposição da institucionalidade que lhe engendrou. Esta é a institucionalidade burguesa, degenerada por décadas de corrupção endêmica e que tendo atingido seu limite, entra em contradição irreconciliável consigo mesma, arrastando atrás de si toda a podridão que produziu.
Este movimento se dá em todas as esferas de poder e a manifestação da decadência, a cada momento, faz a burguesia e suas instituições vislumbrarem o consenso autoritário como a saída, ao mesmo tempo que relega à cadeia seus agentes menos cotados.
E a Câmara Municipal de Petrópolis é uma ilustração contundente disso, com vereadores presos, foragidos, outros investigados e outros tantos impedidos de frequentar a casa legislativa para a qual foram eleitos pela mesma população que deu quase 70% dos votos na cidade a Bolsonaro. Mais claro que isso, só desenhando.