A casa que revi
Nasci nesta privilegiada cidade e fui criado à rua Saldanha Marinho; a casa adquirida por minha mãe, herança a que fez jus e que possibilitou a compra, em razão do falecimento de seu pai, meu avô.
Ali vivi grande parte da minha vida e somente boas recordações pude guardar.
Aliás, Petrópolis, àquela época, não era a mesma cidade em que vivemos na atualidade.
Pelo menos, a criminalidade e a prática de delitos tão comuns nos dias atuais, eram situações raras, excepcionais mesmo.
Podia-se sair à noite sem que preocupações nos atormentassem; infelizmente, até à luz do dia, nossa cidade se tornou insegura, em face da bandidagem que aqui passou a “transitar”.
E o petropolitano, acostumado a viver sossegadamente, lamenta tal situação.
Apenas para ilustrar, contou-me um amigo que, há poucos dias, havia programado com a família, que é numerosa, comemorar os cinquenta anos de casamento dos pais, todavia, a festividade que estava prevista para ser levada a efeito à noite, acabou por ser antecipada para a parte da manhã, missa, seguindo-se de almoço festivo, justamente com os quatro filhos, esposas, netos e bisnetos, além de familiares e amigos.
Muitos gostariam que a festividade fosse realizada à noite, porém, foram votos vencidos, por razões óbvias.
Contudo, da rua Saldanha Marinho não consigo me esquecer, especialmente dos colegas com quem convivi, a grande maioria aficcionados, como eu, por passeios de bicicleta.
É bem verdade que deixei de passar por aquela rua, por muito muitos anos; não fazia parte do meu trajeto diário.
Entretanto, em razão de ter retornado à mesma, recentemente, e numa dessas passagens, “estacionei” o meu carro à frente da casa onde residi, em companhia de meus pais, sendo que a saudade acabou por “bater forte”; a “paradinha” foi rápida, uma vez que o trânsito que pouco existia àquela época, ao contrário dos dias atuais, se tornou tumultuado e alguns motoristas sempre apressados e o pior, mal educados.
Ao meditar sobre o que ora faço expor, pude concluir, exatamente, em consonância com o poeta, quando escreveu:
“Entre mim e a casa minha, / que anos depois revi, / a casa ficou novinha, / enquanto eu…envelheci…”.