A Casa Amarela amarelou
Uma das coisas mais notórias do momento político atual que estamos vivenciando é a completa dissociaçao dos intereses politicos para com os interesses da população. Não que isto seja uma novidade, mas este fato chegou a tal ponto, que os políticos perderam totalmente a noção de representatividade.
A votação levada a efeito na Câmara, na última terça-feira, mostra bem isto. Dez entre treze vereadores votaram contra a admissibilidade de um pedido de abertura de processo que poderia ou não levar à perda de mandato de outros dois vereadores. O espírito corporativista se fez presente e forte, derrubando a questão antes mesmo de uma merecedora análise.
O processo poderia ter sido aberto sim, e ao seguir seus trâmites, a Câmara daria uma satisfação para a sociedade e ao mesmo tempo, poderia rejeitá-lo lá na frente, após o seu esgotamento processual, já que, como bem ficou demonstrado, seu interesse é em proteger seus membros. Mas não, optou pelo caminho de enfrentamento à população, passando a clara mensagem de que ali não é a casa do povo, como propala, mas sim a casa dos interesses pessoais da esmagadora maioria de seus membros.
A casa amarela, já há algum tempo, se mostra ineficiente em seus propósitos e no cumprimento de seu papel. É flagrante que a cada legislatura que assume, consegue ser pior que a anterior. Só que até hoje não haviam ficado de modo tão transparente, os interesses pessoais sobrepostos aos anseios da população.
Se foi para seguir uma vontade do executivo, a atitude se torna pior ainda, já que demonstra uma subserviência condenável; se foi vontade interna, fica mais robusta a ideia de proteção, seja lá por quais interesses pessoais, mas também totalmente contrária ao papel de representação das vontades do povo que os elegeram e esperavam uma atitude de coerência e moralidade.
Enquanto os políticos não entenderem seu papel e se preocuparem tão somente com o que eles pensam, continuarão produzindo estes disparates morais, profundamente lamentáveis contribuindo para engordar a revolta e o descrédito que a população hoje tem de suas pessoas ; confiam na falta de memória do povo na hora da reeleição e nas práticas esdrúxulas de cabalar votos. Mas posso afirmar, sem medo de errar, que as coisas estão começando a mudar e eles não perceberam isto ainda.
Torço por Petrópolis! Às vezes sou tomado por um certo desânimo, mas no fundo sei que Petrópolis é maior e mais forte que estes políticos que aí estão.