• A capoeira como ferramenta de inclusão social: conheça a história do mestre Evandro Fumacinha

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  • 23/03/2021 18:15
    Por Victor Carneiro

    Mestre de capoeira há mais de 25 anos, Evandro de Souza, popularmente conhecido como Mestre Fumacinha, fez da arte do esporte uma ferramenta de inclusão social. Em 2012, criou o projeto “Inclusão Através da Capoeira”, que ganhou o mundo.

    O nascimento do projeto aconteceu após Evandro passar por uma escola, na época, especializada no cuidado às pessoas com algum tipo de deficiência. Ali, algo prendeu sua atenção, e pouco tempo depois, ele já tinha percebido a necessidade de criar um trabalho específico para este público.

    Após período de pesquisa sobre outros trabalhos de inclusão já existentes, passou a oferecer aulas gratuitas aos alunos daquela instituição. “Passei a perceber que em algumas aulas de capoeira na cidade havia alunos com algum tipo de deficiência participando. E parei para refletir sobre o tema, afinal, não existia um projeto específico para este público. E aquilo foi despertando a vontade de criar um projeto para eles”, contou.

    Nove anos se passaram e o projeto cresceu. Por conta da pandemia, as aulas presenciais estão suspensas, mas até a paralisação, o “Inclusão Através da Capoeira” tinha 250 alunos. Mestre Fumacinha explica que o trabalho desempenhado é feito em parceria com a sala de aula, com esporte e pedagogia caminhando lado a lado.

    “Nós fazemos um trabalho de integração, e nesse trabalho buscamos mecanismos de, cada vez mais, atrair o interesse dos alunos. Além do resgate da cultura afro-brasileira, também trouxemos para as aulas contextos históricos, o folclore, letras, cores, formas de ajudar, através do esporte, no desenvolvimento deles”, destacou Fumacinha, que ainda revelou a expansão do projeto para países como Irlanda e Chile.

    Além dos 250 alunos com algum tipo de deficiência, mestre Fumacinha também dava aulas para cerca de 600 crianças, com idade entre 4 e 12 anos, de algumas escolas da rede municipal de ensino, através de parceira firmada com a prefeitura.

    Com tantos alunos e o reconhecimento do seu trabalho cada vez maior, o sentimento é de realização. “É muito prazeroso (o reconhecimento), porque isso tudo é reflexo do respeito da sociedade com o meu trabalho. Receber o carinho dos pais, dos alunos, ajudar na integração social, na socialização deles (alunos) é muito especial pra mim”.

    Capoeira em tempos de pandemia

    Com a suspensão das aulas presenciais, a parceria com a Prefeitura foi paralisada. Mas, mesmo assim, a vontade em dar continuidade ao trabalho, que é reconhecido por muitos, o fez seguir com as aulas de forma virtual.

    “Continuei trabalhando com as crianças da rede municipal de forma gratuita. Os pais me pediram, já que esse momento tem sido muito difícil para todos. As crianças precisam colocar energia pra fora, e a gente tem dado continuidade ao projeto”, disse.

    O professor de capoeira reforça, também, a importância da atividade física na pandemia, mesmo que de forma remota. Segundo ele, o esporte é uma importante ferramenta para manutenção de corpo e mente sãs.

    Trabalho com o público adulto

    Paralelo aos projetos que têm, mestre Fumacinha também dá continuidade ao trabalho com o público adulto. Ele tem participado de rodas de capoeira pelas plataformas digitais com alunos do país e do exterior.

    “O trabalho com o público adulto também me deixa muito feliz e realizado. São alunos espalhados por alguns países como Dinamarca, Irlanda, Chile, Suíça, Estados Unidos, que dão continuidade à prática do esporte, mesmo que de uma forma diferente e nova”, contou.

    E o projeto não para por aí: segundo Fumacinha, já existem tratativas para que aulas na África do Sul também possam ser dadas.

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