A amiga sorriso e simpatia
Falar de Da. Glorinha sei que falarão por muito tempo, sempre com carinho, mas escrever poucos o farão, talvez, para não serem cansativos – mas a mim tal avaliação não importa – o que importa, realmente, é manter acesa sua memória, publicamente, pois ela amava demais esta cidade que tem o dever de reverenciá-la. Mas se o fiz na crônica anterior – “Ela foi uma perfeita dama” (o que realmente foi) e se a fiz ainda sob o impacto da perda quando, sem poder dormir, levantei-me às 4h, para colocar tudo no papel que, mesmo tendo revisado o texto, derrapei ao informar que se tornara “Comendadora dos Trovadores” em 1989 quando foi em 2015, na sua última incursão naquele movimento trovadoresco capixaba . Talvez pela emoção me tenha desviado da lógica.
Antes de escrever aquela crônica, já havia feito um soneto em sua memória e que não quis inseri-lo no texto para não parecer que estaria querendo sobrepujar suas belas trovas – o que seria impossível acontecer, mas o faço agora com “O SORRISO E A SIMPATIA”:
“Se explicarmos a meta desta vida / sem dúvida será que, na virtude, / se semeie o amor em plenitude / com profundo sentido de acolhida.
Com a doce simpatia mantida, / ela pôde a todos cativar amiúde, / ao mostrar uma quase juventude / na alegria da qual era aspergida.
Partiu sem avisar, mas com a paz / que lhe era peculiar, sempre serena, / como superou o que a vida traz.
Que o céu a receba com festa e flores / pra aplacar o que a tristeza nos faz / pela eterna saudade e seus valores.”
Se naquele texto ressaltei suas qualidades nas trovas, não havia espaço para mostrar, também, um de seus belos poemas, que muito me emociona toda vez que o leio – “EXEMPLO DE VIDA” :
“Sentindo-me cansada, / triste e desanimada, / sentei-me à beira da estrada / e fiquei a pensar na vida…
Entregue aos meus pensamentos, / senti como um sopro do vento / que estava semiprotegida / pela sombra de uma árvore ressequida, / que antes fora frondosa, florida.
E atentamente a observá-la, / vi um viçoso broto surgindo / que impulsionou-me a imitá-la./ Retomei minhas forças, fiquei sorrindo…/ sorrindo e meditando…
Se, em uma árvore aparentemente ressequida / ressurge a esperança de vida, /
por que julgar-me debilitada, frágil, perdida ?
E, analisando o exemplo daquela árvore, / me arvorei em esperanças… / e acreditei na vida !”
Esta era Da. Glorinha e suas reações cativantes!
jrobertogullino@gmail.com