A alma (espertíssima) de Lula
Teve grande repercussão nas redes sociais e na imprensa escrita e falada a entrevista dada por Lula a seus blogueiros de confiança. Disse ele: “Se tem uma coisa que eu me orgulho, neste País, é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu. Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público, nem dentro da Igreja Católica, nem dentro das igrejas evangélicas. Pode ter igual, mas eu duvido”. Certamente, uma cena patética. Lembrava mesmo um dos episódios da Escolinha do Prof. Raimundo, em que a patetice dos alunos brilhava. Os alunos, no caso, eram os blogueiros que conseguiram ouvir o despautério sem cair na gargalhada. Nada surpreendente por se tratar de uma plateia ideologicamente amestrada.
Mas, pior que isso foi sua declaração a jornalistas, nos funerais do Papa João Paulo II, em 2005, quando lhe perguntaram se havia aproveitado a oportunidade para se confessar e comungar. Afirmou que não precisava, e emendou: “Sou um homem sem pecados”. Exatamente, como você, caro leitor, eu imaginava que o único homem sem pecados fosse Cristo. Mas não, havia um segundo que nós, pobres mortais, ainda não sabíamos de sua existência. Tratava-se do presidente do Brasil, na época, nos comunicando sua certeza quanto a um tipo esdrúxulo de santidade, já que nem mesmo os santos, reconhecidos como tal pela Igreja Católica, jamais tiveram a ousadia de se rotularem como seres sem pecados. Muito pelo contrário.
Lula sequer se deu conta, em sua falta de cultura religiosa (entre outras) que estava se colocando no mesmo patamar divino reservado a Cristo. E aí a coisa se complica. Querer ser igual a Deus é cometer o maior dos pecados, justamente no momento em que se declarava ser um homem sem pecados. Contradição das contradições. Claro que ele nem se deu conta de que estava caindo na pior das armadilhas pecaminosas para o ser humano, aquela que nos impede de reconhecer nossas próprias imperfeições e falhas.
Saindo agora do plano divino e voltando às pretensões descabidas do ser humano, cabe examinar a honestidade de Lula. De nossa parte, é evidente que o sr. Lula levou no ato o troféu de maior cara de pau do País, deixando ruborizado o próprio Maluf. Para citar apenas o caso mais rumoroso, o da Petrobrás, em que a empresa foi saqueada em US$ 6 bilhões, alguma alma viva brasileira acreditaria que seus asseclas (José Dirceu & Cia.) teriam tido a ousadia de meter a mão nessa montanha de dinheiro sem conhecimento do chefão? Pode-se até imaginar que valores muito menores pudessem ter sido surrupiados sem que o andar de cima soubesse. Jamais valores desse porte!
Na verdade, essa dupla virtude da santidade e da honestidade não se sustenta diante dos fatos escabrosos que as diversas operações do Ministério Público e da Polícia Federal estão desvendando. Em especial, a Lava-Jato que poderá levar o próprio Lula de roldão no caso do famoso apartamento tríplex no Guarujá como crime de ocultação de patrimônio, segundo o Ministério Público.
Mais grave ainda foi o conto do vigário que passou nos trabalhadores ao prometer um paraíso na terra que vem se revelando um inferno astral. A obra do PT foi uma daquelas cujos pés são de barro. Não resistiu ao teste do tempo. Por incompetência e despreparo dos quadros do partido, a gestão da coisa pública foi-se esfarelando. Os indicadores nas áreas econômica e social mostram que já regredimos no tempo algumas décadas atrás.
Para fechar o quadro, a pior das desonestidades do sr. Lula é defender, agora, uma política econômica que manda às favas o tão necessário ajuste das contas públicas. Quer mais crédito e investimento num País quebrado. Ir por esse caminho nos garante um futuro muito parecido com o da Venezuela, onde inflação e prateleiras vazias nos supermercados estão comandando o triste espetáculo. Existem, sim, sr. Lula, muitas almas vivas no Brasil, os trabalhadores em especial, que o superam em matéria de honestidade.
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