• A.A. e os profissionais da saúde: cooperação reacende a esperança do pleno viver

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  • 05/set 08:00
    Por Selene Franco Barreto

    Em 2025, os Alcoólicos Anônimos celebram 90 anos desde que, em 1935, o encontro entre Bill W. e Dr. Bob, nos Estados Unidos, deu início a uma rede mundial de apoio a quem enfrenta o alcoolismo. Dois anos depois, o programa dos 12 Passos passou a orientar milhões de pessoas no caminho da sobriedade, inspirando iniciativas de recuperação em diversas partes do mundo. No Brasil, eles chegaram em 1947, portanto, são 78 anos de trabalho desde a formação do primeiro grupo no Rio de Janeiro. De lá para cá, a entidade tem se expandido, mantendo viva a essência de acolhimento e partilha.

    O desafio brasileiro é imenso: segundo a III LENAD (2024), cerca de 3,3 milhões de brasileiros apresentam critérios para dependência de álcool, e mais de 13 milhões fazem uso nocivo da substância, com impactos diretos na saúde física, mental e social. O álcool segue entre os principais fatores de risco para mortes evitáveis, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

    Ao completar nove décadas, Alcoólicos Anônimos reafirmam que a força de sua história está na união entre experiência vivida e compromisso coletivo. Com os 12 Passos como guia de recuperação, favorecem uma verdadeira mudança comportamental, buscando qualidade de vida de forma abstinente. Para muitas pessoas, o apoio dos grupos não é suficiente; é nesse momento que a cooperação com profissionais especializados, atuando sob a perspectiva bio-psicossocial, torna-se essencial.

    Essa parceria amplia os caminhos de transformação, permitindo não apenas a reconstrução de histórias, mas também a devolução da dignidade, o fortalecimento da resiliência, o resgate de laços familiares e sociais e a possibilidade de retomar o trabalho. Um exemplo dessa cooperação é a participação de Alcoólicos Anônimos no Congresso Internacional da ABEAD, entre 10 e 13 setembro no Rio de Janeiro, que tem como tema principal as rotas e desafios na prevenção e no tratamento da dependência. Certamente será uma importante troca de experiências entre os profissionais da saúde e membros de A.A..

    Ao longo de mais de três décadas como profissional da saúde, testemunhei inúmeras vezes como essa integração entre tratamento especializado e grupos de apoio como o A.A. pode reacender a esperança de viver plenamente, sem esse amparo ilusório chamado álcool. Tudo começa pela aceitação da doença, que precisa de ajuda e que perdeu o controle por causa do álcool, devido às consequências em diversas áreas da sua vida. Nós profissionais trabalhamos a resistência e os preconceitos frente ao AA e assim os pacientes acabam indo e aderindo. Muito bom, como pessoa e como profissional, ver os resgates individuais, familiares e sociais das pessoas com problemas decorrentes do álcool.

    **Sobre a autora: Selene Franco Barreto é Psicóloga Clínica, Consultora de Empresas com foco na Prevenção e Presidente da ABEAD – Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas.

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