85 anos de fundação: Instituto Histórico de Petrópolis trabalha com o resgate da memória histórica da Cidade Imperial
Instituição foi fundada no dia 25 de setembro de 1938
Com 85 anos de fundação, o Instituto Histórico de Petrópolis (IHP) tem como seu patrono D. Pedro II. Sua principal função na cidade é trabalhar com a memória, patrimônio histórico e educativo, do recorte tanto temporal, quanto ao tema vinculado à história de Petrópolis.
“O Instituto, na verdade, ele não é uma instituição pública, é uma instituição que é mantida pela anuidade dos seus próprios sócios, nós somos 40 associados titulares, temos membros correspondentes também, mas na verdade, ele se sustenta, tanto da manutenção econômica, quanto da produção cultural dos associados, que são pessoas que têm que morar aqui na cidade e que tenham vínculo com a história. Ele [Instituto] não se limita a só trabalhar com questões que são relativas ao recorte temporal do Brasil Império, muito pelo contrário, porque a missão do IHP é você guardar, primar e publicizar a história de Petrópolis”, disse a professora Ana Cristina Francisco, atual presidente do Instituto Histórico de Petrópolis.
Ana Cristina conta que cada pesquisador vinculado ao Instituto trabalha com uma parte específica da história da cidade.
“Nós temos uma multiplicidade de pensamentos e de pesquisas. Temos pesquisadores que trabalham com o Brasil Império, outros que trabalham com a estrutura da história de Petrópolis em si, com as questões relativas à Família Imperial, Brasil-República, Petrópolis-República e tem pesquisadores que trabalham assuntos que, ao primeiro momento, parecem divorciados da história, mas que não são”, contou.
Principais atividades
A presidente explica que uma das principais funções do IHP é a manutenção da história petropolitana e que, além de contribuir em outros pontos da história, também possuem materiais sobre os prédios antigos da cidade.
“Então, por exemplo, quando a gente discute sobre um prédio que está tombado, que foi vendido e faz parte do Centro Histórico, as pessoas geralmente procuram o Iphan, o Inepac e a Secretaria de Cultura, mas não procuram o Instituto Histórico de Petrópolis. E faz parte do Instituto, esse lócus, esse território de pesquisa, de manutenção da história. Então, quando a gente tem um questionamento se um determinado prédio foi vendido, se podia ser vendido ou não, ou se vai ser tombado, é uma pena que não chamem o IHP, porque a gente tem esse material para somar, material de pesquisa, não só humano, como a produção também desses historiadores da cidade”, explicou.
“A gente costuma falar que precisamos resgatar a sensação de pertencimento do petropolitano, a gente tem que ser uma cidade que tenha orgulho da sua história, porque não tem que se envergonhar de nada, e a nossa história está aí. E se a gente parar para pensar, hoje de manhã já é história”, disse ela.
Participação em eventos
Ana Cristina conta que neste ano, o IHP foi convidado para participar do Petrópolis Business, onde puderam resgatar histórias importantes para a Cidade Imperial.
“Nós resgatamos, por exemplo, a história da Fábrica São Pedro, que foi talvez, a primeira indústria de Petrópolis que abriu espaço para que as mulheres trabalhassem, com os seus maridos, ganhando muito menos, diga-se de passagem. Então assim, é isso, a cidade respira história”, contou.
O Instituto também participa dos eventos em datas históricas para a cidade, como Bauernfest, aniversário de Petrópolis, entre outros, além de solenidades na Câmara Municipal de Petrópolis. Nos últimos anos, também foi realizada uma parceria com a Secretaria de Cultura, para promover exposições que contem a história da cidade.
Composição
Ao todo, o IHP é composto por 40 membros associados titulares e oito membros correspondentes. Seguindo a mesma estrutura das academias, uma vez associado, a vaga só é aberta em três possibilidades: por falecimento, mudança da cidade, por doença ou por idade.
“E aí é preciso que haja uma indicação, do nome da pessoa, por três associados do Instituto, que seja juntado ao currículo dessa pessoa, porque ela precisa preencher requisitos, como morar na cidade, ser uma pessoa que tenha pesquisas na área, que tenha publicações e que as comprove. Não é só o saber, mas que comprove a sua inserção na questão histórica, que não necessariamente precisa ser da cidade. Depois, em Assembléia, esses nomes são postos e há uma votação, e entram aqueles nomes que cumpram as vagas que porventura estejam abertas”, explicou Ana Cristina.
Membros correspondentes
Atualmente com oito membros correspondentes, Ana Cristina explica que eles contribuem através de palestras, participação em eventos em outras cidades, dando representatividade ao Instituto em outros locais. Além disso, também realizam pesquisas em Petrópolis e palestras no IHP.
“Então, por exemplo, Dom Gregório era nosso associado e ele foi embora da cidade, então ele passa para membro correspondente, que são os membros que moram em outras cidades, e aí abre a vaga de sócio titular”, explica Ana Cristina.
Reuniões abertas ao público
Ana Cristina conta que os membros do IHP se reúnem mensalmente na Casa Cláudio de Souza, que foi doada pela família de Cláudio de Souza, para que abraçasse as Academias. Todas as reuniões são abertas ao público, onde sempre é promovida uma palestra.
“Nossas reuniões são abertas ao público, não é necessário agendamento, a gente tem um limite que a casa comporta, que é de 70 pessoas, não pode entrar mais do que isso. As nossas reuniões são feitas sempre oferecendo uma palestra. Então nós temos temas, que no início do ano a gente solta o calendário”, contou.
Insígnia
Ana Cristina conta que este ano, o IHP também recebeu sua insígnia, sinal ou marca que identifica uma Instituição.
“Isso foi muito bonito também, foi um presente de um dos nossos associados, que resolveu patrocinar essa insígnia. O primeiro [associado] a receber foi Dom Gregório, em novembro, porque foi a nossa homenagem para ele lá na UCP. Isso é um ganho para o IHP, porque são códigos de etiqueta dentro das Instituições de guarda de memória”, contou.
Projetos futuros
Ana Cristina conta que a presidência do IHP tem um mandato de dois anos e que a partir do dia 1º de janeiro de 2024, Elizabeth Maller assume o cargo no Instituto e Vera Abad a vice-presidência.
“Nós tivemos uma agenda bem frenética nesses dois anos, até porque foi um período pós pandemia, então estava todo mundo querendo se encontrar e eu também tenho essa coisa do professor, porque eu também dou aula, então eu estou dentro da escola, e é aquela coisa de produção de conhecimento. Nós temos alguns projetos engatilhados, a gente teve umas reuniões este ano, que tomara que o outro colega que me suceda dê continuidade, que se der certo, vai ser um projeto muito bonito, em parceria com a Cerâmica Luiz Salvador”, contou.
Ela explica que o projeto “Pratos que contam histórias” tem como objetivo, fazer um conjunto de pratos, que tenham a chancela dos membros do IHP e que contem um pouco da história da cidade.
“A princípio a gente pensou em 12 pratos de jantar, com os 12 principais pontos turísticos da cidade, então esses pratos serão pintados com o ponto turístico e o verso dele vem assinado por um dos membros. Depois virão os [pratos] de sobremesa, com 12 das personalidades de destaque do Brasil-Império, depois de sopa, com os 12 mais importantes da República. A ideia é culminar esse aparelho inteiro em 2025, que é a comemoração do Bicentenário de D.Pedro II”, explicou.
Outro projeto é reeditar uma publicação do professor Jerônimo Ferreira Alves Netto, que já foi um dos presidentes do IHP.
“Essa é mais difícil porque a gente precisa de patrocínio, mas ela já está pronta. É uma produção muito boa, mas que já está bem defasada, então a ideia é a gente reeditar essa publicação, contando a bibliografia e a história dos patronos do IHP, mas também com textos atuais associados. Isso já está pronto, agora só falta um patrocínio para colocar isso no papel”, finalizou.