• 80 anos de fundação: Palácio Quitandinha abriga detalhes importantes da história nacional e internacional

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  • 16/jun 08:51
    Por Maria Julia Souza

    Com 80 anos de história, o Palácio Quitandinha foi inaugurado um ano antes do fim da Segunda Guerra Mundial, em 1944, e abrigou um dos maiores hotéis-cassino das Américas. Além disso, também recebeu personalidades importantes, como Carmen Miranda e Walt Disney. Atualmente, o espaço é administrado pelo Sesc RJ e se transformou em um Centro Cultural. 

    Construção do Palácio 

    Tudo começou em meados da década de 1930, com a Estrada Rio-Petrópolis. Com a Cidade Imperial próxima à capital carioca, se transformou em um local de fácil acesso, o que chamou a atenção do empresário mineiro Joaquim Rolla, proprietário do Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, e do Cassino Icaraí, em Niterói. 

    Ele se viu atraído pelo grande terreno da Fazenda Quitandinha e vislumbrou a construção de um luxuoso hotel-cassino.

    Com isso, o empresário contratou Luiz Fossati para ser o arquiteto responsável pelo projeto do Quitandinha, juntamente com Alfredo Baeta Neves. O grande e luxuoso empreendimento, com 440 unidades habitacionais e mais de 20 espaços sociais, incluindo o salão de jogos, faz referência ao estilo neo-normando, tendência dos grandes cassinos europeus, sendo decorado com inspiração nos cenários hollywoodianos pela designer de interiores Dorothy Draper.

    O Palácio também foi palco de eventos que marcaram a história, como a Conferência Interamericana para a Manutenção da Paz e da Segurança no Continente, em 1947, e a 1ª Exposição Nacional de Arte Abstrata, realizada em 1953. Na década de 1960, após a proibição dos jogos no Brasil, o cassino foi fechado e o hotel teve seus apartamentos vendidos, tornando-se um condomínio.

    Origem do nome

    De acordo com o Sesc RJ, a origem do nome teve início ainda no século XVIII, na época do “Ciclo do Ouro”. Para levar a riqueza ao litoral, e consequentemente a Portugal, havia dois caminhos. O Caminho Novo – que reduzia à metade o tempo de viagem em relação ao Caminho Velho – passava pela região de Petrópolis, que era dividida em quatro grandes propriedades: Fazenda do Córrego Seco (que pertenceu mais tarde a Dom Pedro I e seus descendentes), Fazenda Itamarati, Fazenda do Padre Corrêa e Fazenda Quitandinha. As tropas de mulas que levavam o ouro também traziam suprimentos para os pequenos povoados que surgiam entre Ouro Preto e Rio de Janeiro.

    Gaiola localizada na parte central do Palácio.
    Foto: Maria Julia Souza

    Situada em terras férteis, a Fazenda Quitandinha era conhecida pelo cultivo de frutas, hortaliças e legumes, e foi a venda desses produtos aos tropeiros numa quitanda da fazenda que deu nome ao local, como explicou o Sesc RJ à nossa equipe.

    Praia artificial

    O espaço também teve uma praia artificial, onde toneladas de areia foram trazidas de Copacabana para a formação da praia artificial do complexo Quitandinha. Segundo o Sesc, a praia ficou ativa entre as décadas de 1940 e 1960, sem a precisão de uma data exata.

    Foto: Museu Imperial/Ibram/MTur

    Espaços importantes

    Com mais de 20 espaços sociais, incluindo o salão de jogos, o Palácio possui uma enorme piscina com o formato de piano de cauda, com a profundidade irregular variando entre 1,05m e 4,05m. As paredes foram decoradas com inspiração na obra “20 Mil Léguas Submarinas”, de 1870, de Júlio Verne. O cenário representa a flora e fauna marinhas, com as pinturas do artista brasileiro Santa Rosa.

    Fotos: Maria Julia Souza

    Outro local importante do espaço é o teatro. Com capacidade para até mil lugares, também conhecido como “Teatro Mecanizado”, ele possui três palcos giratórios. Ele foi reaberto ao público, após um período de reforma, no dia 14 de julho de 2008. Na ocasião, foi realizada a apresentação da Orquestra Petrobras Sinfônica, tendo como regente o maestro Isaac Karabtchevsky.

    Foto: Maria Julia Souza

    O Palácio possui ainda um Café Concerto, também conhecido como boate. No local, era possível acompanhar as apresentações mesmo com os espectadores de costas para o palco, uma vez que elas [apresentações] podiam ser visualizadas através de espelhos. A decoração do seu interior é inspirada na flora nacional.

    Fotos: Maria Julia Souza

    “A magnífica construção apresenta aspectos arquitetônicos, decorativos, técnicos e funcionais expressivos para a época, conturbada pela 2ª Guerra Mundial, e nela apresentaram-se importantes atrações artísticas nacionais e estrangeiras”, explica o Sesc RJ.

    Administração do espaço

    Em 2007, o Sesc RJ adquiriu a área térrea do antigo cassino e suas dependências para recuperá-la e revitalizá-la, com o propósito de transformá-lo em um espaço de cultura e lazer para a sociedade, sendo transformado no Sesc Quitandinha. Já em abril de 2023, o Sesc Quitandinha se tornou um Centro Cultural.

    Desde então, o Centro Cultural Sesc Quitandinha (CCSQ) passou a oferecer uma programação exclusivamente cultural, sendo palco de experiências múltiplas e transformadoras. No local, foram inaugurados também o Q-Café e o Q-Bistrô, com sua gastronomia tropical e criativa.

    “O Sesc reafirma seu comprometimento em preservar a história desse patrimônio, assim como consolidar o seu papel de protagonista no cenário cultural, buscando contribuir para o desenvolvimento das artes, dos artistas, da produção cultural e social”, finalizou.

    Visitação

    As visitações ao Centro Cultural Sesc Quitandinha podem ocorrer de terça-feira a domingo e feriados, das 10h às 17h. As visitações ao entorno do Lago, podem ser feitas das 9h às 17h. Entrada gratuita.

    Podem ser visitados a área externa (entorno do Lago) e internamente a parte térrea que inclui as galerias, varandas, salões e teatro, onde funciona o CCSQ.

    Os agendamentos para grupos acima de 15 pessoas podem ser realizados através do e-mail: agendamentoccsq@sescrio.org.br.

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