70 anos da TV Brasileira

Devemos a Assis Chateaubriand, que trouxe a TV para nós na década de 60, tendo sido vista nos anos 70 evoluir para  o colorido em todos os matizados. Lembro-me da  a primeira novela que foi ao ar pela TV Excelsior estrelada por  Glória Menezes e Tarcísio Meira, no elenco ainda Lolita Rodrigues e Neuza Amaral. Em 69 assistimos a chegada do homem à Lua, façanha veiculada pelas TVS Tupi e Globo com tamanha nitidez que até hoje muitos duvidam de sua veracidade.Verdade é que os anos sessenta marcaram minha primeira comunhão, o exame de admissão ao ginásio e a compra de um aparelho de tv para nossa casa. Se não me falha a memória, lá pelas redondezas de Hermogêneo Silva três famílias, de início, correram ao encontro de tão importante meio de comunicação, que gradativamente  chegou aos inúmeros lares daquela região. Era em preto e branco. Papai providenciava milhares de metros de fios para a antena, perdida no alto dos morros,  muita das vezes derrubada pelos bois que viam aquele objeto estranho em seus pastos e o  vento também contribuía para que ela ficasse fora da posição, originando daí a perda do sinal e os intermináveis chuviscos. Mesmo assim aquele aparelho quadrado com o visor oval era nossa alegria. Chegávamos do colégio ou de afazeres do cotidiano, nos apressávamos para o banho e ficávamos atentos aos programas. Lembro-me com saudades dos porquinhos das “Casas da Banha” que dançavam ingenuamente. Os shows de auditório, o almoço com as estrelas, o programa J. Silvestre, o Chacrinha, Hebe  de grande evidência, o oito ou oitocentos de Paulo Gracindo e tantos mais. As imagens eram embaçadas, quase invisíveis, mas para nós estava ótimo. Os vizinhos acorriam às janelas do imenso casarão colonial e lá nos divertíamos assistindo aos programas, contando as novidades e estreitando nossos laços de amizade. Sinto saudades daquela época sem menosprezo ao mundo hodierno. Como diz o meu irmão, amigo e filósofo Célio Barbosa, vencemos etapas. É verdade Célio, é motivo de ação de graças a Deus e à Doce Mãe por nos permitirem vivermos cada dia. E os festivais da canção? Esta mesma TV poderosa, respeitada e temida, cria mitos, elege e depõe mandatários, denuncia guerras, fraudes, injustiças, o parco salário, a precariedade da saúde, a inflação, a fome, o analfabetismo e etc.  É também responsável pela  carreira de grandes músicos que  nasceram desses certames. E os Programas Sylvio Santos? Quem não conheceu Elke Maravilha e não conheceu  o irreverente Pedro de Lara e José Fernandes ? A TV Manchete também marcou época, durou pouco, mas ficou em nossa memória principalmente pelos telejornais e  novelas como o Pantanal e Chica da Silva. A partir daí vieram a MTV em 1990, as TVS por assinatura que levam o Brasil a todos os quadrantes do mundo. Agora mesmo estive no Japão e  nem por isso mantive-me alheio do que ocorria no Brasil e nos demais países, graças à evolução tecnológica. A Tv. Marcou época  pela  produção dos programas os Trapalhões – leia-se Renato Aragão e a outros atores dentre eles Xuxa, Agildo Ribeiro,  Sônia Braga, Aracy Balabanian, Flávio Migliácio, Paulo José  todos da Globo e ainda os inestimáveis préstimos da TV Cultura. E os programas do Chico Anísio? O Brasil está cheio de personagens da Escola do professor Raymundo e Chico City. Os seriados “Os Normais” com Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães, a “TV Pirata, Armação Ilimitada, Sai de baixo e Zorra Total” vivem na memória da Cidade.  Os canais dedicados à evangelização, principalmente as TVs. Canção Nova e Rede Vida, dentre outros ampliam os caminhos à evangelização. E quando chega domingo lá está o Faustão com seu Domingão, vive seus dias de glória desde os tempos dos Perdidos na Noite, na Record e Band,  mas  chegou ao podium, a partir de seu ingresso na TV   Globo. Eu poderia ficar horas a relembrar “O bem-amado”, o Rebu, Saramandaia, Roque Santeiro, Beto Rockfeller, Irmãos Coragem, Selva de pedra Vale tudo, O clone, A Escrava Isaura, Gabriela e tantos mais.  Pouco tempo atrás assistimos Maysa e JK. Qual de nós não assiste a Bandeirantes, SBT e, Fatima Bernardes, dentre outros? A Grande Família, estrelada pelos atores  Marieta Severo, Marco Nanini, e  grande elenco, também,  marcou época.    É o retrato da família brasileira, repleta de sonhos, lutas e muito bom humor  na  conquista pelo pão nosso de cada dia. Os telejornais salvo honrosas exceções nem sempre desincumbem sua missão com imparcialidade. Não desejo entrar nessa seara, fiquemos, pois, com os bons frutos colhidos através dela ao longo dessas sete décadas.