• 49 milhões ainda não têm acesso à rede de esgoto, mostra IBGE

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  • 24/fev 07:15
    Por Marcio Dolzan / Estadão

    Ainda que o País venha melhorando seus números no que diz respeito ao esgotamento sanitário, 49,03 milhões de brasileiros ainda não conseguem descartar o esgoto de maneira adequada. É o que revela o mais novo recorte do Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 23.

    Desse total, 39 milhões despejam seus dejetos em fossas rudimentares ou buracos, e mais de 4 milhões têm rios, lagos ou o mar como destino de seu esgoto. O restante vai para valas ou outros tipos de locais de descarte não especificados.

    Além disso, 1,18 milhão de brasileiros não têm banheiro nem sanitário. Em 3.505 municípios, de um total de 5.570, menos da metade da população mora em domicílios com coleta de esgoto.

    Problemas de saneamento básico estão ligados à transmissão de doenças, como esquistossomose e cólera. Também agravam desequilíbrios ambientais, com a contaminação de mananciais e rios.

    A situação mais crítica está na Região Norte, onde menos de 1/4 da população consegue fazer a destinação correta de seu esgoto. O Amapá apresenta o pior índice: por lá, apenas 10,9% dos habitantes têm acesso à rede geral de esgoto, fossa séptica ou fossa filtro, que são os sistemas de esgotamento considerados adequados pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (Plan-Sab).

    Apesar dos números ruins, o Brasil vem melhorando suas condições. Dados do IBGE mostram que todos os Estados registraram aumento na proporção da população que reside em locais com coleta de esgoto ou em domicílios com fossa séptica. Em 2000, 59,2% dos brasileiros destinavam corretamente o esgoto; o número chegou a 64,5% em 2010 e, agora, representa 3/4 (75,7%).

    Água

    O levantamento do IBGE mostra que 97% dos brasileiros têm acesso adequado à água. Ao todo, 82,9% moram em domicílios ligados à rede geral, enquanto outros 14,1% conseguem água por poços profundos, rasos, artesianos, lençóis freáticos, nascentes ou outras fontes consideradas adequadas pelo Plan-Sab. Três por cento, contudo, dependem de caminhões-pipa, água da chuva, rios ou açudes sem o devido tratamento.

    A Região Sudeste é a mais bem abastecida, uma vez que 91% dos moradores têm acesso à rede geral, enquanto outros 8% conseguem água por fontes consideradas seguras. Em situação oposta, a Região Norte oferece água por meio da rede geral de distribuição para pouco mais da metade (55,7%) dos moradores de domicílios particulares. Outros 36,1% dos moradores têm como fonte de abastecimento poços profundos ou artesianos, poços rasos, freáticos ou cacimba, que também são considerados adequados.

    O IBGE apontou ainda que a Região Nordeste é a que apresenta as maiores proporções de abastecimento por carro-pipa. Por lá, 3,5% dependem desse meio e é a forma de abastecimento de 68 municípios.

    Descarte irregular de lixo é feito por 18,4 milhões

    Sem acesso a um sistema de coleta de lixo ou mesmo a caçambas próprias para descarte, 18,4 milhões de brasileiros fazem o descarte final nas próprias casas ou em terrenos baldios. Conforme o Censo 2022 do IBGE, 15,9 milhões de brasileiros queimam o lixo em suas propriedades e mais de meio milhão o enterra no entorno das moradias.

    No ano passado, a coleta direta ou indireta de lixo atendia a 90,9% da população brasileira. A maior parte desse contingente (82,5% do total da população) tinha acesso à coleta domiciliar por meio de serviços de limpeza, enquanto os outros 8,4% depositavam seu lixo em caçambas próprias do serviço de limpeza. Um em cada dez brasileiros, porém, faz descarte irregular.

    Segundo o IBGE, a proporção da população atendida por coleta direta ou indireta de lixo vem aumentando nas últimas décadas. No recenseamento realizado no ano 2000, 76,4% da população informou ser atendida por serviços de coleta de lixo. O porcentual aumentou para 85,8% em 2010, e no ano passado atingiu 90,9%.

    Ainda assim, há grandes discrepâncias regionais. Com 99% do seu lixo recolhido, o Estado de São Paulo apresentou o maior porcentual de população atendida por serviços de coleta, enquanto que os 69,8% dos moradores atendidos no Maranhão fazem com que aquele Estado apresente o pior indicador entre todas as unidades federativas.

    Apesar disso, o Maranhão foi o Estado brasileiro que mais expandiu a cobertura da coleta de lixo em 12 anos, subindo 16,3 pontos porcentuais em relação ao Censo 2010.

    Menores e maiores

    De acordo com o levantamento divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, cidades maiores apresentaram maiores índices de atendidos por serviços de coleta de lixo. Nas cidades com mais de 500 mil habitantes, 98,9% da população informou ter acesso a esse tipo de serviço. Na outra ponta, apenas 78,9% dos moradores tinham acesso à coleta de lixo nos municípios com até cinco mil habitantes.

    O lixo descartado inadequadamente atrai animais, como ratos e insetos, e está associado à transmissão de doenças, como a leptospirose e a dengue, que provoca uma epidemia em várias regiões do Brasil nos primeiros meses deste ano, colocando Estados e cidades em situação de emergência, sobretudo nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste.

    Outro alerta dos especialistas se refere ao espalhamento do chorume, líquido que escorre de lixões e pode contaminar mananciais. Já a queima dos resíduos sólidos lança dezenas de produtos tóxicos na atmosfera.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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