2024: o ano que a Amazônia viverá em perigo
O ano de 2024 ficará marcado como aquele que antecedeu a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, marcada para 2025, na cidade de Belém, no estado do Pará. Embora o encontro esteja a quase dois anos de acontecer, a disputa em torno da agenda já está em curso, reunindo, de um lado, as ONGs financiadas do exterior, setores do governo brasileiro e os próprios organizadores do evento, defensores de uma Amazônia santuário, reserva florestal e jardim botânico dos países ricos, hostis a qualquer projeto de desenvolvimento para a região.
Do outro lado estarão os amazônidas e os brasileiros que acreditam na necessidade de se combinar a proteção das castanheiras e das seringueiras, das florestas, da fauna e da biodiversidade com o direito sagrado da Amazônia e da sua população ao desenvolvimento.
Os trabalhadores da cidade e do campo, os produtores rurais, os empreendedores, os profissionais liberais, os acadêmicos comprometidos com o desenvolvimento nacional, os prefeitos municipais, as câmaras municipais têm o dever da mobilização pela Amazônia com desenvolvimento e proteção ambiental, do contrário constituirão a população a ser descartada pelo programa neomalthusiano das ONGs e de seus patrões internacionais.
Os governadores da Amazônia terão a difícil missão de escolher a fidelidade aos direitos dos habitantes da região ou a submissão ao projeto de desantropização promovido pela agenda internacional.
É curioso observar que pelo segundo ano consecutivo a Conferência do Clima será realizada em um país líder na produção de petróleo. A do ano passado aconteceu em Dubai, capital dos Emirados Árabes, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), e foi presidida por Sultan Al-Jaber, dirigente da companhia estatal de petróleo do país, que fez questão em suas entrevistas de defender o uso dos combustíveis fósseis, além de atacar duramente o que qualificou de exageros da agenda verde.
O encontro deste ano ocorrerá em Baku, capital do Azerbaijão, pioneiro na indústria de petróleo, também membro da Opep, e será presidido por Mukhtar Babayev, dirigente da companhia nacional de petróleo e atual Ministro da Ecologia e dos Recursos Naturais. Foi em Baku que os irmãos suecos Nobel instalaram a primeira refinaria depois de um deles descobrir petróleo na região.
A pusilanimidade do governo diante do programa das ONGs relega a Amazônia a uma força desaproveitada, fadada ao imobilismo, quando poderia mover o desenvolvimento dos municípios, dos estados que a integram, e contribuir para o enriquecimento do Brasil. Anote-se aqui paradoxo constituído pelo anúncio do governo brasileiro em aceitar integrar o restrito grupo formado pela Opep.
É imprescindível a mobilização de todas as forças sociais vivas da Amazônia para fazer frente à capitulação das elites internas em conluio com as fortes ambições externas e seus olhares de cobiça sobre esse vasto tesouro, quase incólume, que é a Amazônia brasileira.
*Aldo Rebelo é jornalista, presidiu a Câmara dos Deputados, foi relator do Código Florestal e ministro nas pastas de Coordenação Política e Relações Institucionais; do Esporte; da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Defesa.