• 136 anos da Abolição da Escravatura no Brasil

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  • 21/maio 08:00
    Por Fernando Costa

    INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS, que tem em sua presidência, a associada Elizabeth Maller, junto a sua prestigiosa diretoria e seus membros vêm realizando rica e variada agenda cultural.

    No dia 6 de maio, às 19h, na Casa de Cláudio de Souza, sede da instituição, à Praça da Liberdade, 247 realizou a palestra, “O Rosário de Petrópolis: sua irmandade e seus templos” proferida pelo historiador Exmo. e Revmo. Padre Thomas Andrade Gimenez Dias, Cadeira 33, que, em perfunctória síntese em dois tópicos de sua alocução darei mostra da beleza histórica e literária da lavra do ilustre prelado.

    Assim disse o Padre Thomaz: “Do espírito associativo da Idade Média surgiram as chamadas corporações de ofícios e delas, as Irmandades, grupo de fiéis que se unem ao redor da devoção de um santo e com objetivos sociais comuns. No Brasil Colônia as Irmandades tiveram grande importância, não apenas no âmbito religioso, mas também social. Os indivíduos se reuniam nessas associações com os seus comuns, para praticar a religião, sem deixar de lado um do seus preceitos máximos, que é a caridade. Além de congregar pessoas que compartilhavam estilos de vida semelhantes, sob a proteção de santo em comum, as Irmandades eram organizações que também se ocupavam da assistência espiritual e material de seus integrantes, tais como assistência na doença e na velhice, apaziguamento de contendas, funerais, sufrágios e até mesmo para empréstimo de dinheiro em alguma necessidade. Essas instituições eram regidas por estatutos ou compromissos próprios, sempre confirmados pela autoridade eclesiástica, nos quais continham o que se exigia para ostentar o título e as insígnias de “irmão”, bem como quais eram os deveres e os direitos que a opa lhes garantia. Seus fundos provinham das anuidades, doações e herança de algum integrante mais abonado, que poderia deixar algo ao “santo”, sem prejudicar sua família. A sociedade brasileira durante o período colonial, polarizada em diversos sentidos, manteve essa característica também em suas irmandades. Quase que sempre, nas principais vilas existiam de um lado a Irmandade do Santíssimo Sacramento, sempre sediada no altar mor da Igreja Matriz, ocupando-se do culto ao Santíssimo Sacramento, Deus na Terra. Seus membros eram os homens mais ricos e importantes da paróquia. Após a morte poderiam ser sepultados dentro da capela mor, nas chamadas “carneiras do Santíssimo”, e quando muito longe, eram geralmente sepultados “de grades para cima”. Dali, bem perto da lâmpada vermelha, que ardia dia e noite, estes poderiam aguardar a ressureição final.”

    “A nova Igreja teve sua pedra fundamental benta em 1953 por Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra. Com o exaustivo trabalho do pároco de Petrópolis, Mons. Francisco Gentil, suas paredes foram sendo erguidas, abraçando as velhas paredes da antiga capela, que teve o seu funcionamento encerrado em 09 de novembro de 1958, com a última missa rezada em seu altar. Nos dias seguintes, começariam a demolição do vetusto templo. A nova igreja foi inaugurada em 1978, quando não existiam relatos da existência da confraria, que desapareceu da cidade. É certo que em 1971 ainda existia a “Irmandade da Igreja do Rosário de Petrópolis”, pois ela estava presente na frente da Catedral de Petrópolis, aguardando a chegada dos corpos da Princesa Dona Isabel e do Conde D’Eu. A Irmandade também acompanhou o cortejo fúnebre, rumo à catedral. Há poucos anos, o povo Petropolitano pode ver, mais uma vez, as históricas imagens de Nossa Senhora do Rosário e de São Bendito, em torno das quais surgiu a Irmandade e a velha Igreja. Hoje, no batistério da nova Igreja, recebem a devoção dos seus fiéis, que muito embora não mais estejam associados em irmandade, mas continuam associados pelos vínculos da fé e da devoção mariana.”

    Nesse mesmo dia, na CCS, o Museu Imperial, na pessoa de seu ilustre diretor professor e associado do IHP Maurício Ferreira contribuiu com uma exposição de documentos alusivos à Abolição da Escravatura no Brasil.

    No dia 12 de maio, às 11h, na Catedral São Pedro de Alcântara o I.H.P. pediu realizar a Santa Missa Solene, oficiada pelo Exmo. e Revmo. Padre Adenilson Silva Ferreira, abrilhantada pelo Coro Bienias e Prim, seguida de deposição de flores no Mausoléu da Princesa Isabel em cerimônia conduzida pelo diretor de Relações Públicas e Cerimonial associado Fernando Antônio de Souza d Costa ocasião em que presidente Elizabeth Maller assim se pronunciou:

    Fotos: Marcelo Maller

    “Estimado Padre Adenilson, Pároco da Nossa Catedral de São Pedro de Alcântara, S A I R – D. Pedro Carlos de Orleans e Bragança, Confrades e Confreiras do I H P:  No dia 17 de maio de 1888, no Campo de São Cristóvão, no Rio de Janeiro foi celebrada a Missa Campal em Ação de Graças pela libertação dos escravos no Brasil, quatro dias após assinatura da Lei Aurea. A festividade contou com a presença da Princesa D. Isabel, Regente Imperial do Brasil e de seu esposo o Conde D’Eu, Príncipe Consorte além de políticos e autoridades. De acordo com os Jornais da época, foi “um espetáculo imponente, majestoso e deslumbrante” ocorrido em um dia “pardacento”, que contrastava com a alegria da cidade. O celebrante da Missa foi o padre Cassiano Coriolano Collona, Capelão do Exército e um dos fundadores da Confederação Abolicionista, o padre mestre Escobar de Araújo, vigário de São Cristóvão, os padres Castelo Branco e o padre Telêmaco de Souza Velho, bem como o padre Loreto. O Missal usado na cerimônia, em veludo carmezin tinha a seguinte inscrição “13 de maio de 1888. Segundo a imprensa da época formavam alas do altar as Ordens Terceiras de São Francisco de Paula, de São Francisco da Penitencia e de nossa Senhora do Carmo, além das irmandades de São Cristóvão e de nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Hoje, 12 de maio de 2024, nos reunimos em nossa Catedral para celebrar os 136 anos da Abolição da Escravatura, recordando o momento histórico, como irmãos sob a proteção de São Pedro de Alcântara.””

    Foto: Marcelo Maller

    A seguir S.A.I.R. Dom Pedro Carlos Orleans e Bragança que é membro do I.H.P. fez uso da palavra exaltando os méritos de sua bisavó Princesa Isabel, a Redentora e agradecendo o I.H.P. na pessoa de seus membros e direção pela preservação da história e da memória dessa heroína.

    Fotos: Marcelo Maller

    No dia 13 de maio, às 12h15 o I.H.P. pediu, também, Santa Missa na Igreja do Rosário, oficiada pelo Exmo. e Reverendíssimo Padre Antônio de Pádua Andrade dos Santos proferiu bela e eloquente homilia alusiva à data.

    Assim nossa gloriosa instituição cultural segue o seu destino, fundada em 26-09-1938,  às vésperas de completar 86 anos em prol da cultura, história e memória da Imperial Cidade de Petrópolis. 

    Fotos: Marcelo Maller

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